Novos Ares na F.T.P.

25/11/12





Este fim de semana foi particularmente especial para o triatlo devido às eleições que tiveram lugar e com a consequente mudança de liderança que o seu resultado provocou. Em ano de início de novo ciclo olímpico será natural que assim seja, mas também porque vivemos numa sociedade que escolheu viver segundo as regras próprias de um processo democrático e como tal nada melhor que auscultar as diferentes sensibilidades da família triatlo para que se regenere energias, ideias, projectos, programas, mas também procedimentos, rotinas.
Chegado à modalidade há demasiado pouco tempo para ter uma opinião livre dos arquétipos passados, passe a redundância, mas também por estar envolvido em outros processos pessoais importantes para os tempos que se avizinham, não irei opinar sobre os resultados das eleições. Nunca fui dirigente, nem outra coisa estatutária para além de atleta licenciado. Por isso, aproveito para saudar a equipa que irá liderar os destinos da federação da modalidade e desejar que tenha o maior sucesso na implementação dos seus ideais, o mesmo será dizer do seu programa de acção. E igualmente que estes estejam de acordo com a tradição recente do trabalho federativo no que à promoção e caracterização da modalidade diz respeito, cujos ganhos recentes não podem, não devem, ser depauperados, seja por que via for. Mas principalmente, no mínimo, respeitar os esforços desencadeados no plano nacional de formação, onde tudo acontece e donde todos nós, enquanto portugueses, só poderemos vir a beneficiar. 
É verdade que enquanto participante nos quadros competitivos da modalidade nem sempre me considerei satisfeito com pormenores. Entendo isso como natural. O que posso afirmar é que em termos gerais a Federação granjeou uma imagem de grande credibilidade, que pode ser constatada especialmente junto daqueles que pontualmente participaram nas competições por si organizadas. Então, saúdo igualmente todos aqueles que emprestaram o seu esforço à elevação dos níveis qualitativos referidos e que agora cessam as suas funções. Sei que poderá não se agilizar fácil, mas seria de todo importante que todos contribuíssem para que o triatlo se elevasse, como acredito que o fará. Neste aspecto, estou de mãos dadas com Pedro Pinheiro; é tempo de conciliação. Porque estes não são fáceis e desenganem-se aqueles que pensam que o tempo continua igualzinho a si mesmo. A tarefa não vai ser nada fácil, para todas as federações e para todos os que têm de conduzir os destinos das suas associações, federações, comunidades, etc. e por esse facto admiro a coragem de todos quantos se projectam para os cargos de liderança.

Por dever a mim próprio, um facto já constatado não me agradou: a suspensão dos cursos de grau I e II da federação. Não que a mim me afecte, antes pelo contrário. Até me pode ajudar por estar neste momento envolvido noutro processo formativo. Mas, acções como estas, estruturantes para a modalidade, não podem estar sujeitas a resultados eleitorais. Este processo formativo dos agentes que no terreno irão ser os operacionais da evolução do triatlo enquanto modalidade desportiva, tem de ser autónomo e ser transversal às candidaturas e aos candidatos.

Companheiros, Viva o triatlo!



Não Há Condições!

14/11/12



Vista do alto do Monte de S. Tegra, La Guarda.
Impossibilitado de realizar treinos longos aos fins de semana durante os próximos tempos, por força da mais recente dedicação à formação, resta-me as 4ª feiras para dar asas à minha liberdade individual e assim poder fazer um desses "passeios maricas". 
Estava acertado comigo mesmo, sem grandes discussões, desta feita, que hoje era a vez de finalmente repetir um treino já concretizado com Pedro Brandão; saída de casa e visita ao Monte de Santa Tegra ou Tecla ou o catano, em La Guardia, na Galiza, percorrendo uma estrada magnifica (piso e paisagem). Aliás, passado ao largo de Moledo e Vila Praia de Âncora, deparei-me com uma formação magnifica para a prática do surf. E estou a referir-me a ondas bem grandes. Avance-se.
Aqui há algum tempo havia concretizado um treino até Vila Nova de Cerveira e na altura as 4 horas do percurso deixaram-me meio empenado. Mas hoje as coisas já estão melhores e perfiz os 152 kms em 5 horas e 22 minutos, o que me deixou bastante satisfeito. Sem mazelas! Isto é, disponível para acabar o dia com uma nova sessão de corrida. Sobre a corrida, hei-de falar lá mais para a frente. Tenho algumas novidades, eventualmente. 
Uma das perspectivas do Monte
Ora, o que não estava nada à espera era dum estranho e súbito ruído, para além da telefonia do telefone, meu companheiro musical de viagem imprescindível quando em solitário. Mesmo antes de me fazer aos 4 kms de escalada ao Monte de Santa Tecla. Lá examinei a coisa e constatei que tinha o quadro da bicla partido! Pensamento imediato; mas será que de cada vez que me faço à estrada para um longo percurso tenho uma surpresa deste género? Isto será macumba, voodoo ou o caraças? Que mer...!
Ali...

Bom, liguei para a mulher só mesmo para confirmar que estava a trabalhar! Já sabia que não poderia contar com ela, hoje. Lembrei-me da loja das biclas e lembrei-me de voltar a examinar a coisa; dava para voltar a encaixar o braço partido. Vamos experimentar. Chia! Paro. Volto a tentar e a coisa lá vai, subindo o famoso monte. 
Almoço à moda galega; se isto não é qualidade de vida...
Lá de cima a paisagem é fenomenal. Hoje não me foi difícil subir aquela coisa. Fez-se bem, sem dificuldades de maior. Recordo-me da primeira vez que lá fui, na companhia do pessoal da tal loja de bicicletas. Mas aquilo era um grupo com outros objectivos. Preferiram atravessar o rio de ferry. O certo é que na altura pareceu-me um desafio...desafiante. Hoje sinto-o mais uma pequena dificuldade. Amanhã não sei como será.
Havia que ir até lá ao fundo, para depois...
Depois do reforço de um empanado, uma cola e duma paisagem deslumbrante, estava na hora de voltar e ver até onde me levaria a burra. Lá fomos.
Cedo deu para perceber que a chiadeira não me iria largar. O que eu também não podia de modo algum largar era o avançado. Parecia aqueles fãs do Quim Barreiros a dançar os peitos da cabritinha. Uma cabrita daria eu se não tivesse cuidado. Mas, em frente a bicla até andava e eu só tinha mais 70 kms para chegar a casa sem ter de chatear ninguém.
Caminha esperava-me.

E as diferentes localidades foram passando, chegando finalmente a casa, com o objectivo cumprido e mais; sem me ter demorado muito. 
Registo Vila Praia de Âncora, onde deve ser muito agradável viver, com aquele mar de batida forte, uma nebulosidade misteriosa e meio luminosa, cativante mesmo, onde se respira tranquilidade...não é a primeira vez que lá passando se apodera de mim esta sensação.

Companheiros, abraços triatléticos.




Triatlo Olímpico: Uma Mentira?

06/11/12




Este assunto que aqui vos trago já tem barbas na minha cabeça. Ou será teias de aranha? O certo é que após ter assistido ao enorme espectáculo que foi a competição olímpica de Londres 2012, fiquei com a sensação de que alguma injustiça, no mínimo, transpareceu no rescaldo do segmento de ciclismo. Tudo por culpa de um formato - o formato do triatlo olímpico. Passo a especificar.
Na realidade, se considerarmos, em termos comparativos, a atitude competitiva dos irmãos Brownlee, e acima de tudo de entre eles o Alistair, com a de outros, quase todos os outros atletas, constatamos que a postura competitiva de ataque constante no segmento de ciclismo não lhes trouxe nada de vantajoso. Ao invés, trouxe-lhes certamente maior desgaste, que embora não se tenha notado em particular, certamente ter-se-á verificado. De outro modo, constatámos todos que os diversos grupos, três grandes grupos, acabaram por beneficiar de um esforço colectivo para se agruparem e do qual acabou por resultar apenas dois grandes grupos, essencialmente. Primeira conclusão; andar na roda pode ser uma estratégia vantajosa em termos de gestão do esforço e da qual se poderá beneficiar mais tarde. 
Ora, o segmento de ciclismo representou, em termos gerais, cerca de 63% do tempo de competição (os triatletas demoraram cerca de 60 minutos - um pouco menos os melhores classificados- a perfazer os 40 kms do segmento em análise; a natação representou cerca de 18% e a corrida cerca de 32%). Todos aqueles que se reservaram no pelotão, concerteza beneficiaram da sua atitude mais conservadora. Bom, se compararmos com o triatlo no formato longo, onde não é permitido o drafting, concluo que há incomparavelmente mais verdade desportiva numa competição onde a génese da modalidade é melhor defendida, do que num formato do tipo olímpico.
Compreendo que na ideia de promoção da modalidade se tenha considerado esta solução para o triatlo olímpico. Porém, creio que hoje por hoje o público em geral está melhor informado e mais familiarizado com as características específicas que a modalidade triatlo, enquanto desporto, encerra. Não será por acaso que as competições no formato ironman atraem cada vez mais adeptos e espectadores, donde sobressai a final do campeonato do mundo na bela ilha de Kona, no estado americano do Hawai.
Para mim, enquanto espectador amante do triatlo, é-me confrangedor assistir a uma competição no formato olímpico onde o ciclismo não consegue constituir-se como segmento de selecção de valores, para mais quando representa a maior tempo de competição dos atletas. Mais, penso mesmo que o ciclismo (será mesmo ciclismo?) nem se encontra representado neste formato, sendo mesmo o parente pobre dos três segmentos. 

Companheiros, abraços triatléticos.