ETU European Triathlon Championships 2011: Gracias Pontevedra!!!

28/06/11




                         




Aviso: Esta irá ser uma crónica longa! Para quem não gosta de ler, sempre pode dividir a chatice por episódios.


Preâmbulo

Estes campeonatos europeus de triatlo em Pontevedra foram para mim um verdadeiro turbilhão de emoções. Concerteza que para muitos dos presentes. E tantas são que nem sei bem por onde começar, mas sei que vai sair coisa longa, tantas as imagens que impregnadas em mim guardo deste evento e de...24 horas! de presença na bonita cidade galega. 

A saída de Esposende já se fazia um pouco tarde, para quem desejava reunir-se com o grupo para o almoço luso da comitiva. A meio do trajeto vou ligando ao Pedro Brandão. Não há novidades; não se conhece local de encontro. A hora...será local ou portuguesa? última duvida. Ficamos à toa, mas continuo de prego a ...quase fundo. O trajeto tem de ser o mais curto; auto-estrada sempre, portanto. O check-in no hotel ou pensão ou hostal ou o caraças, fica para depois, talvez após o almoço, talvez após o check-in das biclas no parque de transição, talvez...quando for possível.  Estava estressado, o relógio não pára e as poucas vias de portagem abertas obrigavam a alguma espera em fila. Na última portagem, vislumbro a carrinha do Perosinho. Procuro seguir-lhes o rasto, mas qual quê...os gajos ainda íam mais na brecha que eu. Pontevedra depara-se-nos e a orientação vai ser por intuição. Rio? onde está o rio? ali, bora. Pontes...?xi, há mais que muitas. Vai ter de ser às apalpadelas. Lá encontrámos o parque de estacionamento, lá aparcámos e lá nos dirigimos para o centro das atenções. Calor, bastante calor. E a prova feminina já decorria, no segmento de bicicleta. Duas lusas em prova, as nossas melhores triatletas; Anais Moniz e Maria Areosa. Já lá vamos.
(Anais Moniz)
(Maria Areosa)
(Saída para a segunda volta)
Tarde de Sábado

Afinal não há almoço de comitiva. Tem de ser melhor acertado, na próxima. Vontade há, falta organização. Aprende-se com os erros, não é verdade? Então, havia que comer. Esta coisa da hora a mais ou hora a menos cria alguma confusão. Mas, apesar disso, estava na hora de comer. Só que...onde? E...estava a decorrer a prova feminina. Que fazer? Olha, ainda deu para incentivar as atletas lusas. Saíram muito bem da transição para a corrida, mas o ritmo na frente era muito forte. E a Areosa estava muito bem colocada face à Anais. Previa-se que no final fosse a primeira lusa. Assim foi, portanto. Deu também para verificar que a amplitude da passada das primeiras era incomparavelmente maior. E a este nível, é aqui que tudo se decide. Meninas, só há uma forma; trabalho, trabalho e trabalho. E bastante gente a assistir, aquela hora.
Lá almoçámos, bem. Até comi demais. No cardápio, a desorientação inicial de quem cai de pára-quedas num lugar diferente, fora das nossas tradições; não há massa ou esparguete, não há a comida que costumamos comer, é isso. Bom há as batatas para carregar as reservas orgânicas de carbo-hidratos. Pronto, tá feito. Mas, o estresse continua. Eu vou para a foto de grupo e tu ficas...por aí. O calor continua intenso. Pelo caminho cruzo-me com o campeão Caldeirão, mais o João Rita. E aparece o Presidente, mais outro pessoal, mais o cão do Adão (salvo seja).
Foto de grupo, ao sol, claro! A boa disposição imperava e a vaidade nem parou ali; não havia lugar para mais. E que dizer das atletas lusas? Elegantérrimas, bonitas..."Ó tempo, volta pa trás...".
Bom, lá fomos cada um à sua vida. Essa a ideia. Só que acabámos por nos cruzar variadíssimas vezes. A seguinte seria precisamente para...

Paratriatlo

...assistir ao momento mais emocionante das competições: a prova paratriatlo. Reparem no pormenor; para além das deficiências físicas de que são portadores, ainda tiveram de realizar a sua prova à, provavelmente, hora mais quente do dia (estavam 40º)! Eu sei que o calendário é apertado, mas...custa um pouco aceitar esta ideia.
(o Basílio estava concentradíssimo)

A esta hora reencontro a minha esposa. Estávamos com o Caldeirão, o Rita e mais alguns, a assistir a um momento de tão arrepiante, quanto emocionante; a chamada dos atletas para a plataforma de partida. Um a um, alguns amputados de pernas, outros de braços, outros cegos, outros paraplégicos, outros sem...mas, com a vontade férrea que outros não têm, mesmo tendo aquilo que a estes lhes falta. Eu acho que esta é uma mensagem de uma dimensão extraordinária para todos os que assistiram; não há limites para o sonho, há apenas vontade. Tudo depende de nós, ou quase. Para mais, a ETU devolve a possibilidade a todos de serem iguais entre iguais, apesar das diferenças, que acima de tudo existem nas cabeças de todos nós. Um dos sérios problemas dos deficientes é precisamente a aceitação social. Por isso, muitos ficam em casa e não os vemos com assiduidade nas ruas, nos centros comerciais, nas praias, praticando desporto, etc. porque se sentem estigmatizados, marginalizados. Este foi um excelente contributo para desmistificar muitos daqueles estigmas. Também aqui o triatlo pode fazer a diferença.
(Paratriatlo)

Pouco público a assistir. Pena! Tanta coisa para aprenderem. Eu aprendi, recebi lições de vida naqueles momentos. Irão perdurar para sempre na minha memória.
Portugal apresentava o Pedro Basílio. Concentradíssimo. Já momentos antes da partida, de costas para nós, levantou os braços para agradecer os imensos incentivos que todos nós lhe endereçámos. Obrigado, Pedro.
E partida! Lá foram todos, cada um igual a si próprio, como nós, quando em prova. Após o contorno da primeira bóia, já estávamos do lado da transição, na bancada, esperando todos, mas acima de tudo o Pedro Basílio, claro. A reta final da natação estava a não mais de 5 metros. Nem tanto. Quase que lhes sentíamos a respiração. Sprint era a distância de triatlo que tinham de cumprir. Os primeiros vão chegando. Mais tarde mostrar-vos-ei as imagens. São verdadeiramente impressionantes de força de espírito, especialmente isto, força de espírito.
O Pedro sai bem, no top 5. Transição rápida, mais incentivos, muitas palmas lusas e outras, mas para todos igualmente. No final, falta sair apenas um atleta. O seu handicap é elevado. Provavelmente, paraplégico. É preciso ajuda; tirar o fato, sentar na bike especial. Iria pedalar com as mãos. Finalmente saíu. Palmas, muitas, merecidas. É um triatleta que ali vai.
Não deu para assistir ao curso de corrida. Ainda não havíamos parado. Eu tinha acordado às 5 da manhã. Andava a 100! Havia que repousar um pouco. Vamos lá beber qualquer coisa fresca, num lugar fresco.

Check-In na Transição

Às 18 horas locais estava previsto a abertura do parque de transição para a verificação das biclas, conforme informação da federação. Quando cheguei à zona, já havia uma fila enorme, mas o problema maior não era a comprimento da fila, antes a demora do chek-in. Demasiado tempo. Última informação dava conta da necessária verificação do fato, o de competição. Falei com um dos juízes e foi-me garantido que era o mínimo a verificar. Lá tive de voltar ao carro e buscar o fato, de neopreme. Quando regressei, a prova de elite masculina estava quase a iniciar-se. Iriam estar presentes 5 atletas lusos, todos muito bons. Era para se assistir, claro. 20' depois de voltar do carro, afinal o fato a verificar era o de competição. Grrrrrrrrrrrrr...maldita "cocaína"! Lá vai ele novamente de volta ao carro, buscar o fato com POR estampado. Conformo-me, claro, mas não me perdoo. Pelo caminho vou avisando os outros lusos. Ficam todos na dúvida. Afinal, o fato poderia ser mostrado no dia seguinte, soube depois. Enfim! E a prova de elites já se tinha iniciado. Deu para ver a partida, entre as "viagens", e deu para ver passar e incentivar os lusos na transição para a transição das biclas. Uma multidão a assistir! Impressionante. Nunca havia assistido "in-loco" a uma competição de elites, apenas pela tv, e fiquei impressionado. Claro que não será estranho o facto de Javier Gomez ser de Pontevedra. A ponte donde se observava a partida para a natação estava apinhada de gentes. Espetáculo!
E eu lá faço o chek-in, lá me pintam os braços e as pernas com o número de inscrição, mais o escalão, e lá coloco as coisas no parque. Verifico se é necessário alguma coisa mais, não é. Na manhã seguinte tratarei do resto. Deixo lá apenas a bicla, mais nada.

Elites Maculinas

Reencontro a amada e vamos procurar um lugar "porreiro, pá" para assistir ao curso final dos elites, a corrida, e finalmente ir fazer o outro chek-in, este do hotel, pensão, hostal ou o caraças.
Bom, impressionante várias coisas; a leveza dos "animais-de-competição", a amplitude da sua passada, as silhuetas delgadinhas dos seus corpos. Quando ali chegados, já os Brownlee íam a toda a hora, pareciam que tinham assaltado um banco cheio de barras de ouro, eles que íam a caminho a passos largos de outro ouro.


 Atrás um russo, e mais atrás o espanhol  Mola, que corre a 200 à hora, mas no sábado os ingleses estavam imparáveis. Em 6º passava o Pereira, João...palmas, incentivos, berros "força, João!", logo a seguir o Bruno, mais o Duarte. Espera aí, falta alguém...mais uma volta, mais uma ventania do catano à passagem dos britânicos Lee, mais incentivos para os lusos e também para os outros, claro! e...continua a faltar qualquer coisa. Pois é, o Silva, João, e o Arraiolos, Miguel, haviam desistido. Eles que haviam saído tão bem da natação, especialmente o João Silva, bem na frente. Olha, não deu, não deu. No dia seguinte, quando já me vinha embora, cruzei-me com ele e foi precisamente isso que ele me disse. São dias. Foi o que terá acontecido com o grande campeão Gomez, atleta da casa e que se "quedava" por um modesto vigésimo-não-sei-das-quantas. Não deixa de ser campeão, não deixa de receber fortíssimos incentivos do público, que rejubilava à sua passagem. Volta final e passadas finais...indescritível a cadência e a passada do Brownlee mais velho. O homem voava, não andava, voava. Os pés serviam apenas para novo impulso para voltar a bater as asas. Fiquei com o queixo caído. O Pereira, João, num belo 6º lugar, seguido do Pais, Bruno, cuja recuperação na prova foi notável, ele que saíu muito atrás da natação. E logo a seguir o Marques, Duarte. Muito bem.

Sábado, Fim de Dia

Finalizada a prova elites masculinas, estava na hora de, finalmente, ir ao encontro do hotel, hostal, pensão ou o caraças. As indicações eram simples, mas a cabeça complica um pouco estas coisas e uma saída mal efetuada levou-nos a perder mais de meia-hora à procura dum coisa tão simples de encontrar. Afinal, ficava mesmo ao lado da nacional a caminho de Vigo. Simples!   
Faltava jantar, digo, comer qualquer alguma coisita e ...descansar. Esta seria a parte mais difícil. Conhecendo-me como me conheço, não seria fácil adormecer cedo. Também não houve problema; não iria acontecer. A questão é que a noite teve para mim cerca de 3 horas de sono, maximum. Não foi fácil. A excitação era forte, mesmo considerando que havia acordado bem cedo e tido um dia intenso, especialmente em termos emocionais. Que fazer? Aguentar, pois. De modos que lá acordei às 4h e 30' (portuguesas) planeadas, bem disposto, pois então, e desperto para a contenda. No hotel, também estiveram presentes outros portugueses. Não nos falámos, havia muita coisa para fazer, mas deu para perceber que alguém ultimava conselhos a alguém sobre a técnica da braçada. Nunca será tarde, mas iria a tempo?

Dia de Competição

A viagem de regresso a Pontevedra foi muito mais fácil, desta feita. Quando chegados ao parque de estacionamento, já fervilhava o ambiente. Os voluntários, os atletas e os noctivagos, que saíam das discotecas aquela hora enquanto nós iamos fazer o que íamos fazer. Há gostos para tudo. Eu cá prefiro estes. 
O pequeno almoço já dançava no lugar e o tempo começava a escassear.  A caminho do parque de transição vamos-nos cruzando com várias caras conhecidas. 


Junto da bike, o Manuel e a sua máquina, mais o Rita e também a sua máquina. Boa disposição, acima de tudo. Qué feito dos elásticos? Mer...perderam-se no caminho. Mais uma vez, não vai ser fácil encaixar os pés nos sapatos. O intestino dá a volta e time para a toilete. Mais fila, mais espera, e o tempo a fugir à porta da casa de banho móvel. Gente que aquecia na água fazia-me inveja. Já não iria ter tempo de ativar como devia. Liberto-me da toilete, da fila e tudo o mais e corro a vestir o fato para, pelo menos, mergulhar na água. A chamada dos atletas já havia começado, não pelo nome (eram mais que as mães), mas por grupos, escalões. Eu ainda vou à escadaria que haveria de subir no final do segmento de natação e atiro-me à água. Esta estava boa, agradável, com fato, claro. Eram quase 7 da manhã, hora tuga. E afinal, havia mais gente a precisar de sentir a água. Um deles o David dos algarves, o nosso A-G mais medalhado, o best of. "Como está a água, João?" "Fixe", respondo. Ele atira-se e ouvem-se apitos e avisos. Já era tarde. Bom, ainda deu para sentir. Após umas corriditas à pressa, ali no tapetume da chegada, dirijo-me para a fila. Nem sei bem qual o meu grupo. Pergunto e encontro. Fácil. E foi engraçado sentir a estrangeirada; irlandeses, italianos, espanhois, em largo número, ingleses, também muitos. Começa a verdadeira ansiedade. Os grupos íam  sendo chamados um a um para a plataforma de partida. Parecia um máquina trituradora. A gente obedecia. Tento ver a cara-metade. Nem por sombras. E lá vamos nós. Chegado à plataforma, fico com o Rita do meu lado esquerdo. Escolhemos ambos fugir da confusão. Não é que fosse muita. Afinal, éramos 25, já que 9 haviam faltado à chamada.
Falta apenas 1 minuto. Vamos para dentro de água. A qualquer momento soa a trombeta. Procuro concentrar-me, focar-me no gesto da braçada, rever o automatismo, rever o ritmo, incentivar-me. Não é fácil, falta tempo. 
Ponnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn!


A Prova

Lá vamos nós. Mal começo, apercebo-me que há uns caramelos que me querem ultrapassar vindos do lado direito. E ultrapassam mesmo. A água do rio é escura, difícil vislumbrar o que quer que seja. Os peixes da zona há muito que mudaram de casa nestes dias. O Rita incomoda-me um pouco. Trocamos alguns galhardetes. Também com outros camaradas. Mas que raio! Com tanto espaço, também aqui há cotoveladas? Caramba. Triatlo é triatlo e nas partidas para a natação é difícil evitar estas cenas. Apercebo-me de que há gente que se afasta, outros que se mantêm próximo. Tento manter o ritmo e procurar a técnica em cada braçada. Não era um pouco tarde para isso? No meio daquela azáfama, ainda há tempo para tal. Tento coordenar o corpo, na vã esperança de não ficar muito para trás. Entro na zona desconfortável, a respiração fica ofegante. E a primeira bóia de retorno nunca mais aparece. Ao fim de algum tempo, lá está ela. E aqui chegado, sem ninguém a importunar-me, não é que dou duas valentes marradas na dita? Ó se saxavor, não se importa? Ela não se desvia. Parece até que faz questão em se meter à frente. Tenho de alargar a braçada para fora. A seguinte estava difícil de vislumbrar. O sol de frente chateava. O que vale é que havia os voluntários que serviam de azimute. Finalmente vejo-a e contorno-a. Procuro retomar o ritmo forte. Já vou cansado. Aqui e ali, desvio-me da rota. Má navegação. E a páginas tantas começo a ver gente a passar, com toucas de outra côr. Mau! Eram as gajas novinhas em folha que haviam partido não sei quantos minutos depois de mim. Que humilhação! Penso, devo estar a fazer uma boa borrada. Olha, há que continuar, que se lixe.
Na reta final, parece que a escadaria, que já se vê à distância, foge de mim. Nada-se, nada-se mas ela lá continua, quase à mesma distância. Mas, não. Dirijo-me para a primeira transição e após uma sensação de corpo quebrado, parece que poderia ter dado mais de mim na água. Chegado à bicla, constato que devo ter nadado mal. O Manuel já lá está, pronto a sair, mais o Rita, quase no mesmo tempo que eu. Levo a burra e lá está; a cena dos sapatos faz-me perder alguns segundinhos. Arranco bem, com a tal sensação de que estou fresco e parto para um segmento que me encheu as medidas. O curso de bicla é simples de descrever: 10 kms para subir, dez kms para descer, duas vezes. Pelo meio, umas retas e, acima de tudo, zonas de recuperação. Era mesmo ao meu jeito. Aos poucos vou-me apercebendo porque a delegação Suiça tinha toda ela "cabras" para este segmento, homens e mulheres, como havia constatado no dia anterior. Como não era permitido "drafting", como faziam questão de avisar os motociclistas que vigiavam a prova quando tal parecia acontecer, este segmento favorecia claramente a justiça na prova. Porém, aquela subida imensa também não daria azo a colagens. Quem tivesse unhas tocaria seguramente melhor a guitarra. 
E aos poucos fui ultrapassando os compatriotas do meu escalão. Primeiro o Manuel, ainda na primeira volta, o Rita, já na segunda volta. Ambos na subida, pois. O impressionante deste segmento foi assistir ao desdobramento da velocidade das tais "cabras". Cheguei a ultrapassar os 70 kms/hra no inverso da tal subida, vingando-me dos 17 kms/hra, e houve gente que me ultrapassou, muito provavelmente a quase 80 kms/hra. 
Conclusão; estava sentir-me bem a pedalar. Aproxima-se a corrida e já me vou mentalizando para sofrer.
Mal ponho os pés em terra para o último segmento, já ouço os incentivos da mulher, embora não a veja. Uma voltinha ao tartan do estádio onde se localizava a meta e um percurso por entre a bela zona histórica da cidade, constituíam o percurso de corrida a pé, 4 vezes. 
E por entre as ruelas, extraordinário foi o apoio incansável de muitos portugueses, em especial, mas também de ingleses, espanhois, dos voluntários! fantástico, que batiam palmas e mais palmas. Sem palavras para melhor adjetivar este extraordinário comportamento das gentes. Como também extraordinário foi sentir e ouvir os incentivos dos elites Pedro Gomes, que até nos ia tirando fotos, imaginem, e Joana Marques. Obrigado, meus queridos compatriotas. Ouvir os incentivos de toda a gente é fantástico, mas ouvir os elites do outro lado do palco, sem regatear aplausos a TODOS! mesmo todos os portugueses que faziam daqueles trajetos o seu momento final da prova, fica no coração. Assim como devo igualmente um agradecimento especial à esposa do Caldeirão, que conhecendo-me de "ginjeira", me incentivou e deu força em cada vez que me cruzei com ela. Obrigado, minha querida. 
Fiz um segmento em crescendo, defendendo a posição de melhor português colocado no escalão e lá me aguentei. Sabia, como sei, que o Manuel corre bem mais que eu. Por isso, ía-o controlando no tartan do estádio. Quando entro para a última volta, não o vejo, nem o Rita. Penso que iria ser muito difícil perder essa posição. Faço um forcing para a última volta, porque agora queria acabar com a coisa e procurar o melhor tempo na distância, à segunda tentativa. Consegui! Melhorei pouco mais de 2'. 14º no escalão, português melhor colocado. Que poderia desejar mais?
No final, o convívio entre os tugas, as incidências da prova, as maleitas destes e daqueles e respirar o prazer de ter atingido um marco na minha curta história de atleta de competição no meu escalão: representar Portugal!


Momentos  Marcantes

  1. A participação dos paratriatletas. Que exemplo, meu Deus! Sei lá, não tenho muitos mais atributos linguísticos a  proferir. Foi profundamente marcante na nossa vida saber que uma modalidade que envolve uma logística de organização complicada para quem a deseja praticar com handicapes, é possível fazê-lo, sejam quais forem as limitações. Enorme exemplo. Senti-me tão humilde!...Não pretendo destacar o Pedro Basílio, que por ser português e dos bons triatletas, não será mais que um entre muitos. Mas, esteve de parabéns, obviamente.
  2. O perfil dos atletas de elite. É qualquer coisa. Deve dar uma trabalheira do camandro manter o corpo afastado de tantas iguarias deliciosas. Não há margem. Que disciplina, também um grande exemplo de que para se ser campeão, não basta "ter", tem de se desejar "ser". O talento por si não faz milagres.
  3. A organização do evento! Exemplar. Os abastecimentos fora impec, a colaboração dos voluntários, foi impec, e não se limitaram a colaborar, envolveram-se diretamente no jogo emocional dos campeonatos. Fantástico.
  4. O apoio dos elites portugueses a todos nós. Outro enorme exemplo de que a fronteira entre o lado de lá e o lado de cá estará apenas na nossa cabeça. Foram de uma grande humildade e mais; prova da sua enorme formação humana. Adorei, amigos.
  5. As medalhas alcançadas pelo David Caldeirão e pela Katarina Larsson. São um estimulo para todos os que desejem chegar aquele nível e a prova viva de que com trabalho é possível. Não é fácil, mas é possível. Orgulho nacional. Obrigado, companheiros.
  6. O entusiasmo luso. Não se poderá chamar comitiva, porque não foi organizada dessa forma, mas o carinho entre todos esteve presente. Mais com uns  que com outros.Normal, diria, mas sempre boa disposição e companheirismo. Pelo que percebi, foi até agora a maior comitiva lusa no género fora de portas. Certamente que na próxima seremos mais, e melhor organizados para desfrutarmos ainda mais. Eu penso até que a própria federação ficou surpreendida com a nossa participação. Em todo o caso, há que lhe agradecer a oportunidade que a todos deu de representar o País e com isso encher-nos de orgulho. Comigo foi assim. Obrigado.
  7. Ver "in-loco" o trabalho formativo da federação, através das participações mais jovens, garantindo que há futuro para além de Vanessa e Bruno. Precisamos de sangue novo na modalidade e nada melhor que ver jovens craques do futuro em ação.
  8. O trabalho de voluntariado desenvolvido pelos finalistas do curso de Fisioterapia da faculdade do género da cidade de Pontevedra. Notável! Cada um de nós esteve seguramente no mínimo 20' na marquesa. Muitos, bem mais tempo. Foram incansáveis. Obrigado.
  9. A participação de gente de idades bem avançadas. Que carinho pela modalidade, pelo desporto, que hábitos de vida saudáveis, estes. E a sua capacidade para gerir o seu esforço, a sua própria fisiologia, o respeito pela idade sem perder de vista o exercício do prazer. Impressionante.
Isto já vai longo, embora a adrenalina ainda cá ande. Mas, está na hora de dar-lhe um fim, senão acabo por escrever um livro de memórias de um único evento e não pode ser.  


Seguir-se-ão as imagens. Agora, vou xonar que se faz tarde e amanhã é dia de trabalho.

A todos, boa semana e até Aveiro. Abraços triatléticos, companheiros.




PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL!

24/06/11




A imprensa passou cá por casa e fez alguns bonecos. Escapou este. Podia ser pior. Eu sei, vocês também sabem; sou muito vaidoso!! Então, com o fato representativo de Portugal. Perdoem-me lá este narcisismo. 

Aproxima-se a hora. O plano é simples; zarpar para Galiza a tempo de almoçar com os lusos, em plena cidade de Pontevedra.
O trabalho está feito. Mal ou bem, nada pode ser alterado para o melhorar, apenas para o piorar. Assim, o melhor é estar mesmo quietinho. 
Amanhã, treino de ativação, antes da partida. Ontem, treino às 8 horas da manhã no rio Cávado, para ambientação, tentativa de aproximação às condições da prova. E uma corrida ao fim do dia, 30' para não "esquecer". 
A onda de calor prevista para o fim de semana afetará igualmente Pontevedra? Eu espero que sim, que às 8 da manhã de domingo estejam 30º de temperatura, mas que passados 30' baixe para os 20º. Nã! Eu e São Pedro não somos assim tão próximos.

Agora, já começo a ouvir as entoações: "PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL!"
É verdade; em geral somos tão maltratados por muitos dos que nos governam ou dirigem, mas não conseguimos deixar de amar o nosso País. Pudera, ele não tem culpa nenhuma.

Abraços triatléticos, companheiros, e...até breve! 


Reflexão IX

21/06/11





Ainda Pontevedra!

É verdade. O Campeonato Europeu A-G domina a minha mente, esta semana. Normal? Acho que sim. Acredito que domine as cabeças de todos aqueles lusos que irão participar, uns por umas razões, outros por outras, mas o domínio é total. Tudo o resto faz parte dos processos automatizados que a nossa vida adquiriu. O caso não é para menos, o evento é de facto importante e de forte significado. Imperdível, diria. 
Mas, esta reflexão não tem por objetivo absorver essas emoções, mas sim dar nota de uma observação que salta à vista quando percorremos as várias listagens de atletas inscritos e respetivos países. E o que isso tem de especial é que é notável a presença de ...britânicos. Simplesmente impressionante!! Então, no que se refere aos escalões femininos é qualquer coisa. Avanço mesmo com  a informação de que escalões etários há em que só participam britânicas, mas várias, não apenas meia dúzia. E quanto mais avançamos na idade, mais evidente é a presença quase única, muitas vezes única, das britânicas. Felizmente, Portugal aparece no escalão 35-39, do género, com duas triatletas. No meu escalão e ainda naquele género, por exemplo, são "só" 15 britânicas e uma...irlandesa!! É ou não é impressionante?
Claro que não seremos só nós que andamos a léguas de distância desta esmagadora participação de triatletas anglo-saxónicos. Mas, razões de cultura (mentalidade e hábitos de vida, essencialmente) e educação (hábitos desportivos, essencialmente)  justificarão esta diferença tão gritante, pelo menos no que a nós portugueses diz respeito. Outro aspeto igualmente me surpreendeu; a quase ausência de escandinavos, principalmente de suecos/as. Eles que são um exemplo de participação e envolvimento nas práticas desportivas. Uma justificação, aparente; serão mmais dados ao lazer que à competição. Depois, o triatlo talvez seja uma modalidade muito exigente de praticar num clima como o seu. Não sei. 
Noto também uma relação convergente entre o entusiasmo das gentes no apoio que prestam nas provas  intra-muros e a participação lusa. Quanto mais gente houver a fazer da prática salutar desportiva um hábito saudável de vida, mais reconhecido/a e aplaudido/a será o empenho e dedicação dos seus intervenientes.
Enfim.


Nota: esta reflexão teve por base as listagens dos atletas na distância olímpica.


Companheiros, até breve. Abraços triatléticos.


Pontevedra Expectations!

18/06/11




(Claro, há mais atletas lusos e outros...)
Já me começa a "ferver" no sangue, este evento. Para mim, está em jogo coisas muito simples, mas de significado ímpar. Já aqui dei conta, irei relembrar. 
Sempre sonhei representar Portugal em qualquer coisa, porque amo este País onde nasci. Choram-me os olhos quando vejo atletas ou artistas ou simples cidadãos, nossos, subirem ao pódio e serem galardoados com os mais altos reconhecimentos públicos pela qualidade do seu trabalho, empenho, dedicação. Sinto-me parte deles, identifico-me com eles. Chamo-os a mim, em espírito, e agradeço-lhes. Do fundo do coração. Tantos são aqueles que neste momento me vêm à memória...Não poderia ter nascido noutro País qualquer, porque todas as minhas origens assim o ditaram. Portanto, poder concretizar este sonho de menino é qualquer coisa de especial, mesmo aos 50 anos. Não há limites para o sonho, não há idade para o concretizar. Esta a primeira conclusão. 
Também tenho de agradecer a uma modalidade, que me acolheu de braços abertos e me tem proporcionado não só a concretização daqueles sonhos, mas igualmente o prazer de me sentir com vinte anos novamente. Afinal, é possível voltarmos a ser jovens. Estará muito na nossa cabeça, mas também o encontro no meu corpo. Nunca me empenhei tanto como atleta como agora e isso nota-se na imagem que transporto.
Esta participação em Pontevedra será a minha primeira em eventos do género. Pena voar para Budapeste ser tão caro e lá estaria novamente, daqui a mais uma semana, a representar Portugal, no Europeu A-G de Triatlo Cross. Novamente! Nada me dará mais alegria, no desporto. Nada! Sendo um estreante, não tenho expetativas desportivas por aí além, apenas a de transportar as cores nacionais com a dignidade que o meu País me merece, em cada braçada, em cada pedalada, em cada passada...em cada gota do meu suor, mas também em cada sorriso meu. Portanto, os "bifes" e as "salsichas", os "empanados" e os "duchéses", os "cornudos" e as "tulipas", serão apenas novos companheiros, senão novos amigos. 
Tenho, isso sim, a expetativa de melhorar o meu tempo na distância, isto é, baixar das 2h35'. Com um reinício do treino da corrida há 6 semanas, já ficarei muito contente se isso acontecer. Mas, isto anda bem, estou numa fase boa, mesmo a corrida anda a "soltar-se". Percebem agora porque o "sangue me anda a ferver"?  Tenho uma preocupação; a temperatura da água e a hora em que a prova se irá desenrolar. Não treino natação às 7 da manhã. Não posso, não há condições para isso. Estou mais habituado a treinar quando o sol já está bem sorridente e as águas mais temperadas, as exteriores. Mas, no meio do "maralhal" acho que estas preocupações deixarão de existir. Esta semana, vou procurar adequar-me ao horário da prova, essencialmente no bioritmo.
Outra expetativa forte será a efusiva presença do apoio do público. Ah pois é, os espanhois são tão diferentes de nós, a este nível bem melhores, dão.nos lições. Imagino que as ruas estarão seguramente apinhadas de gente, os incentivos serão constantes. Até me vou sentir um atleta de alta performance. Claro que o ambiente que espero no seio do grupo será certamente de grande solidariedade e companheirismo. Se é o que é a nível nacional, elevar-se-á ao cubo em Pontevedra. Querem apostar?

Gostei da Newsletter que a FTP forneceu a todos os atletas. Só pecou pela demora. E não me considerei ofendido por erradamente me associarem ao Louletano. Seria um prazer partilhar o mesmo clube que o David Caldeirão, Carlos Cabrita e Nuno Neves, só para citar alguns. Mas, não. Fonte Grada tem sido uma emoção muito boa.

Esta semana vai passar rápido, mas eu quero vivê-la docemente, absorvendo-lhe todos os segundos. Pena ter de trabalhar.

Abraços triatléticos, companheiros.


A Foto do Momento!

15/06/11



Caros seguidores; eu tinha-vos dito que entre as cerca de 300 fotos que a minha mulher (que felizmente me acompanha com regularidade e tem a paciência de ir registando o que se vai passando) "retirou" do Triatlo de Peniche, uma havia que se destacava, apesar de haver imensas, fantásticas, algumas das quais já foram publicadas aqui. 
No caso, o modelo não interessa para nada; o que realmente fascina é o momento captado. Trata-se de uma fração de segundo, e o que a fotografia tem de especial é precisamente captar esses fragmentos da vida que nos escapam inevitavelmente. Este não escapou. Por ser único, partilho-o convosco.

Abraços triatléticos e até breve, companheiros.

(Foto de Maria João de Carvalho Martins)



3ºL Em Veteranos Acima de 50, Na Corrida de Góios!

12/06/11



(Pódio Vet +50)
Não estava à espera. Mesmo considerando que se tratava de uma prova verdadeiramente popular, com alguns participantes, mas com uma distância já de respeito - 8 kms, segundo a organização. E não estava à espera porque no dia anterior foi o que foi (quem não sabe que leia, s.f.f.) e temia pela constituinte muscular dos meus membros inferiores. Afinal, havia pedalado 7h e meia, ainda não tinha perfeito 24 hrs. Mas, fazia parte do plano. Quer dizer, com Pontevedra no horizonte e à procura da melhor condição e respetiva passagem ao nível 2 da minha forma, esta prova vinha a calhar. Constituía também a primeira prova de atletismo deste já avançado ano e fazia parte do plano para este fds; longo ciclismo e uma corrida a valer. No passado havia falhado a 2ª edição deste evento, também por lesão, mas este ano não escaparia. Pergunto-me; como teria sido sem lesões? Ainda assim, sinto-me feliz por finalmente poder estar nas frentes que eu desejar, correr, pedalar e nadar, e isso é do melhor, companheiros, do melhor. Hoje, voltaria a vestir a camisola do CLUVE. A última vez havia sido na Maratona do Porto!

Este evento ficava a ...100 mtrs da minha casa, imaginem. Quando a runporto me envio um sms para participar na prova deste fds na cidade de Gaia, eu nem hesitei e...a opção era claramente pela corrida caseira; sem custos para o utilizador (1€), sem deslocações, até deu para ir tomar o pequeno almoço no Modelo e tudo!...
A corrida não teve grande estória, a não ser que no início senti alguma ansiedade injustificável, a não ser pela presença de vários alunos e ex-alunos da minha escola. Mexe sempre um pouco connosco saber que estamos a ser...avaliados, de alguma maneira. Para os vizinhos foi uma surpresa, ver-me ali noutros trajes. Vêem-me correr, é verdade, mas nunca em corridas. 

Após a partida, foi sempre a dar, o que se pode, claro. Ainda assim, vi-me logo no grupo da frente, mas onde já se destacava um simpático companheiro com quem amiúde me cruzo, ele a correr e eu de bicla. Hoje estávamos os dois no mesmo plano. Quer dizer, ele bem mais rápido, eu bem mais lento. As distâncias entre os elementos que comigo seguiam foram-se acentuando logo no início e eu acabei por fazer uma corrida solitária; longe do que me antecedia, onde até à 3ª de 4 voltas ainda o via lá ao fundo, mas muito distante também dos que me seguiam. O facto insólito foi ter dado uma de avanço sobre uns putos novos, ex-alunos lá da escola...nova pergunta: mas o que é que esta juventude anda a fazer? 
O tal companheiro acabou por vencer, com larga distância para todos os outros. Eu classifiquei-me em 3º L no escalão e acredito que deva ter ficado nos 10 primeiros. Senão, muito perto disso.
(Sabia bem, sabor doce...)
No final, a alegria de fazer um trote de recuperação até à porta de casa e avisar a mulher para vir fazer a reportagem fotográfica. 

Logo, publico todas as imagens recolhidas no facebook.

Boa semana, companheiros.


Randonneur Minho - 200 kms: Espetáculo!

11/06/11



(Foto da Chegada)
O dia amanheceu cedo, para mim; 6 hras e estava a levantar o esqueleto da cama. Olho para o lado e nem piu. Tenho sempre este peso na consciência, saber que a vou deixar só, protagonizando o lado menos bom destas coisas. Mas, poderia ser de outro modo? Não pode, a não ser que ela também pedalasse, assim. Não pedala, fica em casa, novamente, com o coração nas mãos, porque ao virar na curva ou em plena reta, o azar pode estar escondido atrás de uma árvore ou de uma pedra ou de outra coisa qualquer.
Cinco minutos para as sete, já o sol se espreguiçava no lençol do céu e eu não vislumbro ninguém. Parece-me que o plano de concretizar um treino de 200 kms a pedalar vai ter de ser em modo solitário, e não aproveitando a companhia de outros malucos que, como eu, desejem fazer da bicicleta o meio de diversão durante longas horas. Mas não. Afinal, já estavam todos, ou quase, equipados a rigor, vestindo o "pirilampo" como as regras do randonneur o determina, assim como outras coisas. Um briefing introdutório e está feito, estamos prontos para andar. Entretanto, surpresa minha, algumas caras conhecidas entre os cerca de 10 participantes. Não estava à espera, mas uma certeza foi-se constatando ao longo do trajeto; ninguém "pode" participar num evento destes se não estiver preparado. Por outras palavras, não é para quem quer; é para quem pode e quer, que é bem diferente. 

A volta confirmou-se muito generosa nas paisagens, As estradas escolhidas revelaram-se em muito bom estado. As terras de renome (Ponte de Lima, Monção, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Valença, Caminha, Viana do Castelo...). Algumas subidas a lembrar uma prova de ciclismo. Aí, o pessoal marimbou-se para o conceito (ou talvez não) e cada um tentou de dar o seu melhor. Afinal, aquilo que eu poderia temer, isto é, que talvez pudesse ser uma seca, não se revelou, antes pelo contrário. Cada um vai no seu ritmo e fará pela vida. Todos decidimos que não iria ser totalmente assim, e esperámos sempre por toda a gente nos pontos de controlo, 
que existiam por causa do brevet. E aqui vou confessar-vos alguns pormenores anteriores à "provação": procurei, como sempre faço em todos os eventos onde participo, regularizar a minha inscrição. Simplesmente, as exigências com a prova do seguro torna isso quase impossível para quem já está seguro como nós, triatletas e não só. É que é preciso uma declaração da companhia seguradora com os trâmites todos em que o seguro foi redigido, coberturas afins e etc. Ora, apesar de tentar junto da federação que me fornecessem uma coisa dessas, é impraticável. Resultado, como estava segurado, participei esquecendo o brevet e poupando 10€. Ninguém levou a mal e lá nos divertimos todos.
(Palácio da Brejoeira)
Ao longo do trajeto, houve tempo para o dinamizador, cuja presença em vários outros BRM lhe dá a autoridade necessária, ir explicando o que realmente se passa a nível internacional com o "randonneurs". É impressionante; há "caramelos" que fazem a "coast to coast" dos EUA dormindo 4 horas por dia!!! Há distâncias de 1000 e muitos quilómetros em que pedalar toda a noite é o prato do dia. Quer dizer, não é pêra-doce. Não é algo que se possa menosprezar, e no seu ritmo, no ritmo de cada um, só vos digo que é muito, mas muito exigente, a fazer lembrar os ultra trails. Ah! pois é. Hoje, os 200kms foram um aperitivo. Realmente, o ser humano arranja cada forma de se pôr à prova!...
O convívio foi muito bom, pessoal à maneira. Bom, quem se mete nisto já está "formatado", digamos assim, e isso facilita imenso porque à partida a seleção faz-se, naturalmente. Em Valença, parámos para comer uma espécie de almoço. Aí, fiquei igualmente impressionado com a quantidade de pessoal que se faz à estrada para celebrar os "Caminhos de Santiago", btt. Chegados ao último ponto de controlo, em Caminha, faltavam-nos pouco mais de 50 kms. O vento iria ser nosso aliado e pouco mais à frente, quando ele estivesse bem por detrás, haveríamos de ciclar a mais de 50 kms/hra durante várias vezes.  
E pronto! Finalmente em casa, num registo de 209 kms, 7hras e meia a ciclar, 3741 calorias gastas, 63% da capacidade máxima, média de 27,8 kms/hra, 128 de pulsação média e não digo a máxima porque não é possível, teria caído para o lado. A altimetria parece que terá sido um acumulado superior a 3000 mtrs. A seguir, banheira para "crio" e uma lasanha (quase) só para mim. 

Companheiros, abraços triatléticos. 


Campeonato Nacional A-G, Peniche, em Imagens!!

08/06/11



As provas de triatlo têm duas faces, neste blogue: a das crónicas e a das imagens, quando a minha cara metade me acompanha, como foi o caso em Peniche. Houve fotos muito boas, mas uma irei guardar para mais tarde, dado a raridade da mesma. É uma foto claramente candidata a um prémio. Não estou a  brincar. Entretanto, divirtam-se com as fotos, enquanto aguardam por Oeiras.

Abraços triatléticos, companheiros.


Antes




Durante



Após



Peniche: Fui Feliz Aqui!

05/06/11



A noite já vai longa, mas a adrenalina ainda aqui anda. Depois de uma jantarada em casa de familiares e muitas aberturas da cavidade bocal, meio disfarçadas, umas, descaradas e sem vergonha, outras, resolvo escrever para ver se isto acalma um pouco. Na verdade, as emoções soltaram-se neste meu regresso às competições triatléticas e naturalmente a excitação só pode desaparecer após algum tempo. Portanto, vamos lá aproveitar o tempo e fazer algo de útil com ele.
Hoje não irei dissertar sobre os vencedores das provas, antes sim centrar as atenções em mim e reportar o que de bom e menos bom senti neste meu regresso. Assim, arrisco-me a proferir menos disparates.

Não poderia estar melhor tempo para a prática da modalidade; excelente temperatura, vento nada incomodativo e água do mar tipo piscina. A decisão de almoçar na bela e histórica e turística cidade de Peniche terá sido uma ideia muito bem acertada. O peixe convidava a um repasto de se lhe tirar o chapéu e entre tantas dúvidas, optei pelo salmão. A esposa pelo peixe espada. Em ambos os casos excelentes decisões. Rapidamente nos apercebemos de que há certamente acerto nos preços entre os comerciantes do metiê. Logo, aqui ou ali terá sido uma questão aleatória.
A ideia era almoçar cedo, dar uma voltinha revendo os lugares de outrora e sentir o ambiente para à hora da abertura do parque de transição colocar lá a tralha. Porém, o calor não convidava a expôr os materiais tanto tempo ao sol, de modos que adiei mais lá para a frente, no momento em que decorria já o aquatlo previsto.
E o inevitável aconteceu. Rever "velhas" caras, os cumprimentos da ordem, mais a boa disposição que impera cada vez mais e melhor nos entretantos do triatlo é algo que dificilmente se encontrará noutra modalidade. Esta é uma mais valia, até porque quem vem chegando ao "meio", como eu, está "obrigado" a ser assim, companheiro do próximo. É fantástico. Como especial foi finalmente! dar aquele abraço ao David Caldeirão, esse campeão de fora para dentro e de dentro para fora. Como especial foi rever novamente todos aqueles protagonistas do povo do triatlo que vão incutindo a todos o espírito da modalidade. Não irei destacar nomes, até porque eles sabem muito bem quem são. Mas, ainda há outro destaque que tenho de fazer; é que pela primeira vez este ano me juntei à minha nova família (mais uma) - O Fonte Grada. Que delícia estar com estes "jovens" todos, cujo sentir saudável se transpira por todos os poros imagináveis de cada um. Fui recebido de braços abertos e só desejo poder retribuir com a minha presença nos eventos vindouros que estão para aí agendados.

Quando olhei para as primeiras boias, talvez fruto do afastamento temporário da modalidade, achei que estariam muito próximas. Comentei com a minha mulher que assim sendo iria "voar". Na realidade, estavam a marcar  o percurso o aquatlo, santa ingenuidade, cuja distância se cifrava pela metade, isto é, 300 mtrs. Era bom, era, mas não era a mesma coisa. Quando me preparei para a partida, já as bóias estavam no lugar devido, tive a sensação de que estaria no lugar errado da partida. Iria ser muita confusão e não queria andar à batatada logo na minha primeira prova da época. Assim, resvalei para o lado das senhoras, onde já se encontravam outras "boinas vermelhas". Seriam alguns segundos apenas, mas bastaria um pontapé para transformar uma tarde em cheio numa tarde decepcionante. Não estava disponível para abdicar da alegria que me contagiava. O segmento de natação decorreu ao meu melhor nível, exatamente como o de Gaia no ano passado. Senti que havia muita gente à minha volta e isso seria bom sinal. A transição para o ciclismo, estreando pela primeira vez sapatos específicos e deixando para trás os encaixes de btt (já era tempo, eu sei) não decorreu como o esperado, antes de acordo com a falta de treino para o efeito. Demorei um bom bocado a encaixar tudo no sítio certo e lá se foram algumas metades de minuto ganhas na água. 
O ciclismo não foi difícil, nem fácil. Tinha zonas rápidas, tinha zonas mais lentas, mas cujos andamentos não sofria grandes amplitudes de ritmo, nem grandes desmultiplicações. Ainda tentei acompanhar alguns colegas de clube que entretanto me alcançaram, mas acabei por lhes perder a roda. Juntei-me a outros. Um deles, um companheiro do Sporting da Golegã, que foi muito simpático na entreajuda. Os dois acabámos por alcançar um Praças da Armada que nos tinha fugido, o Vasco Soares. Já próximo do final, éramos um grupo interessante, logo na altura em que o segmento iria terminar. Talvez nos juntemos num Olímpico. Aproximação à zona de transição e desta feita as coisas correm melhor com os sapatos. 
E agora a dificuldade maior, aquela parte em que eu tenho carregado a cruz que me faz dobrar a espinha amiúde. A corrida foi sofrida, já o esperava, especialmente no início. Os companheiros de ciclismo foram-se todos, menos o da Golegã, penso. Claro que vi passar o Manuel Gonçalves sem qualquer possibilidade de resposta. E mais o Mário Sousa, ambos do meu escalão, mas que fazer? Isto não dava para mais. A última volta foi mais rápida, queria acabar. Ainda tentei evitar que um companheiro em especial me ultrapassasse já próximo da meta, mas não tinha capacidade de aceleração. Muito bom estava a ser, pensava. E de facto assim foi. O tempo final de 1:14:47 terá sido o meu melhor tempo de sempre em provas sprint. Não tenho muitas, também é verdade, mas superei o registo de Gaia que se constituía até aqui como a melhor referência., mesmo atendendo a que cada prova tem as suas carateristicas. Agora, já posso dizer que estive no evento triatlético mais antigo de Portugal e que finalmente participei no Campeonato Nacional de Grupos de Idade.
Não voltarei para participar em Oeiras. A crise não o permite. Estarei, isso sim, em Pontevedra, para orgulhosamente envergar as cores do nosso País. Assim os gémeos se continuem a portar como ultimamente. 
Ah! Os meus parabéns ao António Raposo que venceu o meu escalão com imensa categoria. Concluo que se ...eu não teria nascido.

Hoje, tenho de abalar cedo para poder ir votar e com isso dar um valente pontapé eleitoral em quem vocês sabem.

Amigos, companheiros, familiares...abraços triatléticos e até breve.



Campeonato Nacional A-G em Peniche: Previsão do Tempo e Lista de Inscritos.

03/06/11



Foto: amigos-de-peniche.blogspot.com
Meus caríssimos seguidores, a novidade na lista de inscritos está na presença do meu nome, para mim, claro, naquele que será um dos triatlos mais emblemáticos do País.  Mas, já lá iremos. Antes, é forçoso associar-me a algumas tentativas, que embora tímidas, têm um cariz altamente significativo na projeção de Peniche como a terra onde tudo terá começado. Podendo ser contestado ou não, o certo é que faz falta evocar momentos do passado para que ninguém os esqueça e para que aqueles que vão chegando à modalidade percebam as suas origens para melhor compreender o esforço daqueles que procuraram e conseguiram semear aquilo que é a modalidade hoje. Nada na nossa vida terá qualquer significado se não tiver história, nada na nossa vida terá qualquer valor se a não valorizarmos. 

Sobre a prova, nunca a fiz. Parece-me que os percursos serão na sua base os mesmos do ano transato. Sendo esta a minha primeira prova de triatlo da época, nada posso esperar a não ser divertir-me com o meu suor na ânsia do melhor. O resto falarei depois. A preparação está nesta fase mais virada a Pontevedra, mas não irei "passear na avenida". Darei, como sempre o faço, o melhor de mim mesmo no momento, seja ele qual for. 
A lista de inscritos é imeeeeeeeeeeennnsa. Tanto que certamente haverá partidas separadas. E obviamente, todos interessados em chegar à frente. Isso transpira-se, mas nem todos conseguirão. Sem drama.
O tempo prevê-se acolhedor para todos os participantes; temperatura excelente para a prática, vento...algum, mas nada de outro mundo, meio nublado, meio solarengo. Vai ser um espetáculo.

Amanhã, a seguir a 15' de natação, arranco para a minha terra natal. Sábado conto almoçar um peixinho bem saboroso em terra de pescadores, precisamente onde há mais de 25 anos muitos malucos se atiraram à água para provar que era possível lançar uma modalidade hoje emergente e que será nos dias de hoje das mais atrativas das que se podem praticar. 

Deixo-vos os links e votos de boa prova, caros companheiros. Até breve.