Após um final de época apenas com aquela queixa do planta do pé, mas que apenas me limita a partir de um determinado volume de corrida, eis que me vejo a "andar à nora" novamente, desta feita, imagine-se! por causa do gémeo esquerdo.
Como podem imaginar, não é fácil vencer as contrariedades relacionadas com impedimentos musculares sem sofrer as devidas consequências. E estas fazem-se sentir ao nível do querer e da motivação para continuar a insistir em algo com a qual os deuses parecem não estar para aí virados. Uma coisa será ter uma limitação, saber exactamente a razão da sua existência, identificar o caminho a seguir para a ultrapassar e vencê-la ou ela vencer-nos a nós. E ponto final. Outra, é o mais que imperfeito desconhecido. De forma que o desgaste emocional provocado pelos sucessivos e variados impedimentos, mais as alegrias das suas ultrapassagens, provocando ao longo do processo euforias e frustrações, esperanças e decepções, intercaladas entre si, como se acordassem uma estratégia para me demover de uma prática que, quando equacionada já se sabia que teria, para ser bem sucedida, que vencer esta "coisa" dos meus gémeos, está a dar cabo de mim. É apenas um simples acto de correr. Sem pressa, sem tempos, mas com tempo. Acessível à esmagadora maioria dos mortais, encontrando-me eu precisamente do lado da esmagadora minoria, mas que não consigo levar a efeito de modo cómodo, sem tretas.
A semana passada aproximou-se do que é uma semana normal para mim, considerando os meus objectivos, um pouco acima dos1000 minutos de treino, portanto. De acordo com o "prometido" no rescaldo da época passada, teria tudo para arrancar finalmente para uma época normal, Qual quê! No arranque, uma semana apenas bastou para voltar a ser coberto pela sombra do desespero, confirmada por mais de um mês sem poder correr. A motivação, depois de deambular pelos socalcos dum espírito meio incrédulo, meio ou muito desanimado, lá voltou, não sem lutar contra todas estas incidências. Presentemente, sinto-me motivado para treinar, competir...mas, já não me sinto com muita vontade para lutar novamente contra tanta contrariedade. Acima de tudo com uma contrariedade que, não tendo explicação, embora tenha de haver, difícil é percebê-la. Então, eu que andava tão bem do gémeo esquerdo, agora que o direito está fino este gajo resolve estragar-me todos os planos? Não tendo feito nada para que isso ocorresse? Santa paciência!
Por tudo isto, começo a ficar cansado; cansado de ir dar ao coiro na piscina, metros e mais metros, cansado de deixar a companhia da mulher deixada solitária no aconchego dos lençóis para ir pedalar 4/5 horas seguidas, logo nos dias destinados à partilha do casal, cansado de despender dinheiro em prol da perseguição de objectivos quando seria tão fácil um fim de semana a dois, várias vezes ao ano, em vez de pneus novos, substituição de câmaras de ar que furam ou ténis com novo piso ou etc...Ao fim e ao cabo, cansado de teimar em fazer aquilo que o meu corpo, ou uma parte dele, parece não querer que eu faça.
Já não é apenas uma questão de persistência. Passou a ser igualmente uma questão de vida sã com práticas sãs, que o deixam de ser quando o deixamos de sentir.
Não vou resistir por muito mais tempo. Não irei teimar contra o que teima em reduzir a cinzas a minha alegria, o prazer de viver. Se não dá, deixo e procurarei outras formas de ser feliz.
Portanto, não estranhem se um destes dias em anunciar a minha renúncia à prática do triatlo. Mas, compreendam-me; não posso continuar a insistir contra o que não quer que eu insista.
Que saudades das queixas da planta do pé, apenas.
Abraços triatléticos, companheiros.
5 comentários:
Oi camarada João. Só te posso dizer o seguinte: se realmente depois de todo o tempo e análise de todos os factores decidires isso, só te apoio na tua decisão. E olha que existem muitas maneiras de continuares a ser feliz e com desporto claro!!! É uma questão de adaptação aquilo que te fizer sentir bem. TEns todo o meu apoio seja qual for a opção que tomares.
Forte abraço.
João entre treinar 8h ou 16 h semanais vai uma diferença, podemos estar no Triatlo de muitas formas e com diferentes niveis competitivos, mas acima de tudo nunca pode ser um sacrificio.
Força João e nunca te esqueças a vida é uma eterna negociação conosco e com quem nos rodeia, faz-se com cedências, conquistas e derrotas.
Força amigo não desistas. Se for necessário parar mesmo para recuperar pensa nisso, depois vens mais forte.
Um abraço.
Paulo Pitarma.
Caro João,
Não desistas e procura todas as ajudas profissionais para resolver o problema.
Um abraço de quem já passou pelas mesmas mágoas.
Venho deixar-vos o meu agradecimento pelas incentivos sinceros que aqui deixam.
A questão que vos deixei foi claramente apresentada. Está para além do tudo que já tentei, mesmo as ajudas "pro". A fase que atravesso não está a ser fácil. Não desisti, apenas me sinto cansado. É isso mesmo, cansado. Acho que estou a ficar velho para estas coisas :)). Mas, aqui continuo, procurando melhores dias e um lugar ao sol, até que a paciência acabe.
Um forte abraço para todos vós.
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