Reflexão VIII

22/05/11






Nós, os portugueses,

Com tantas qualidades, temos também defeitos. Mas, temos algumas coisas estranhas. Somos capazes de valorizar e exaltar as qualidades de muitos de fora, e ainda bem. Somos capazes e fazemos até questão de fazer dessas qualidades, que tão minuciosamente enumeramos tão extemporaneamente, muitas vezes, exemplos de estilos de vida, dando até a ideia de que aqui e ali não somos nada xenófobos, quando de fato o somos, aqui e ali. Mas, porque pretendemos seguir os bons mandamentos éticos e morais sobre os quais assenta a matriz religiosa da maioria de todos nós, camuflamos essa erva daninha que cá temos e disfarçamo-la, com cinismo ou hipocrisia ou ambas. Talvez por isto tudo tenhamos dificuldade em reconhecer o mérito que os nossos próprios alcançam amiúde por esse mundo fora. Talvez por isso sejamos levados a esquecer, e demasiado depressa, aqueles que por nós, e por eles mesmo, claro, deram a cara, o corpo, a alma, representando-nos nos grandes palcos mundiais. Também é verdade que nos esquecemos dos outros que não tendo nascido por cá, cá projetaram êxitos que assumimos como nossos, quando em representação dum emblema nacional. Mas, também estes rapidamente os tendemos a esquecer. Fácil, demasiado fácil é recorda-los a todos na desgraça, no infortúnio, no desdém. Fácil é celebrar com eles os seus êxitos, fazendo-os nossos também, mesmo quando não esprememos uma única gota de suor para o alcançar ou não dedicamos um segundo sequer para aperfeiçoar a arte que conduz ao êxito. Difícil é lembrá-los com dignidade e em respeito quando as sinuosas curvas que os atalhos da vida infelizmente têm os despistam numa qualquer ravina ou ribanceira, deixando-os moribundos. É tão fácil apontar um dedo a um caído em desgraça, tão difícil estender-lhe uma mão.
Por tudo isto lamento que nós portugueses não valorizemos para além do tempo, para além do momento, os históricos feitos que alguns de nós conseguem neste pequeno canto esquecido na parte ocidental da Europa; esquecido pelos outros e esquecido por nós próprios. 
Poucos foram os portugueses que alcançaram feitos épicos no desporto além fronteiras, até hoje. Gostava muito que o triatlo não seguisse os maus exemplos de outras modalidades e não esquecesse os seus, especialmente aqueles que fizeram da modalidade aquilo que ela é hoje no panorama desportivo Nacional.

Abraços triatléticos, companheiros.

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