Luso Galaico 2013 - Uma Experiência EXTREME: Dia 1!

29/04/13





Vamos começar, então? Não está fácil organizar as ideias. Elas fazem-me lembrar os alunos de hoje; querem falar todos ao mesmo tempo, tal a ansiedade. Há que por ordem na coisa; um de cada vez e braço no ar.
Extreme rima com alguma/muita coisa e percebi isso desde a primeira edição: aventura, emoção, prazer, sofrimento, tenacidade, deslumbramento, paixão, adrenalina, risco, medo, coragem, audácia, conhecimento, experiência...Esta é a minha terceira participação no evento. Since...que foi criado. Logo na altura entendi não dever perder as emoções fortes duma experiência diferente. Mas, atenção! É muito importante ter a experiência da modalidade para poder desfrutar do que efectivamente ela nos pode dar. Porque há riscos, porque há sofrimento, porque nestas coisas, e como já disse no passado, não adianta ter apenas vontade. Esse o ponto de partida. Depois, há que encetar um plano de preparação e corresponder-lhe ou adequá-lo em função das necessidades. É que um total de quase 6000m de desnível positivo não se trilham sem três aspectos fundamentais: experiência, preparação e...vontade. Não basta subir, é preciso descer e saber descer é coisa que alia técnica, força e coragem.

6h15' da matina, estava uma ventania chata, fria, que justificavam os pouquinhos graus acima do zero. Em Esposende não havia cafés nem pastelarias abertas. Daí que a ideia de comer em casa, afinal, resultava como acertada. Olhei para ela e senti-lhe o desejo resplandecer de vontade. Disse-lhe para ter calma, que esperasse mais um pouco.
Este ano "tinha-me precavido" relativamente às edições anteriores. Dada a obrigatoriedade da participação estar condicionada à apresentação de duplas ou triplas de concorrentes, dei comigo acompanhado por um jovem jurista, por sinal o homem do GPS, e por um, imagine-se, dentista!! Estava nas nuvens e preparado para qualquer ocorrência. 
Pedro Saleiro e João Paulo, companheiros da aventura
Decidira partir de impermeável, não porque chovesse, mas para aceitar um pouco melhor esse malfadado frio. A partida estava agendada para as 7hrs, só que houve um atraso (grande) que não sei porquê levou a que toda a gente, os cerca de duzentos participantes, tivessem partido já após as 7h30'. E lá fomos, contentinhos da silva.
Tínhamos combinado que este ano iniciaríamos a contenda sem vontade de "ganhar o evento". Só que quando dei conta, lá íamos nós de vento em popa. Havia igualmente uma novidade; o Pedro (dentista) trazia câmara de filmar.
Os trilhos que iam sendo calcados davam-nos a razão de ser da decisão tomada e maravilhavam-nos as descidas, porque de subidas propriamente ditas ainda não havia notícias. Pelo meio ia confirmando duas coisas que me encantavam: por um lado, a "arma" ultrapassava todas as melhores expectativas e estava estabelecida uma união de...paixão. 
Rampita, comparado com o que aí vinha

Por outro, eu estava realmente preparado. Abastecimento em Ponte de Lima, cada vez mais bonita e encantadora. Aproximava-se o grande acumulado. Pelo meio ia reconhecendo caras que, como eu, marcavam presença desde a primeira edição, quando a coisa ainda era apenas de um dia só. Também alguns conhecidos, pessoal do bairro e não só. E pronto! Lá estão elas, prolongadas, caprichosas, traidoras, ciumentas. A 29'' também sobe. Dizem que é preciso ter pernas. Bom, eu tenho duas e só lamento que os gémeos sejam tão velhacos comigo. Mas isso já são outras estórias. Aqueles trilhos que  cobiçam as nuvens levaram-me para os tempos do contrabando ou o êxodo para França, a troco de uma vida melhor. Terras perdidas na imensidão dos montes e vales. E como tudo o que sobe também desce, nós também o fizemos, acompanhando as indicações do aparelho. A páginas tantas o que acontece, ora digam lá? Comigo é mesmo assim, seja nova ou velha, usada ou por usar. Pois é, furei. Explicação? Ah sim, não há coincidências...c'um raio. Foi o tempo suficiente para relembrar velhas rivalidades. Lembram-se do "Special One"? O homem ia vidrado, disseram-me (porque eu nem o vi). Coisas que a gente arranja para entreter o tempo e a mente.
15 horas e alguns minutos, oito horas depois, eis-nos chegados a Arcos de Valdevez, uma muito bonita vila minhota. Bem cuidada, com equipamentos modernos, encastrados com gosto no antigo. Apenas um senão; o lixo no chão. As mentalidades é que não mudam senão com educação. Mas ainda sobre a hora de chegada, havíamos comentado entre nós da importância de tempo para recuperar. Duas coisas a este respeito; este ano, sendo as pernas as mesmas,elas davam claramente melhores sinais do que em Caminha 2012. O acumulado havia sido idêntico, mas o certo é que a coisa estava mesmo melhor. A segunda; mais tempo para recuperar; ainda relativamente a Caminha 2012, desta feita dispúnhamos de mais três horas de recuperação. Bom, muito bom.

Dois tempos de pausa para dois dedos de conversa, no jardim, tempo para umas sandes que sobraram aos abastecimentos. Despedimos-nos do Pedro (só podia trilhar um dia) e toca a tratar das meninas porque amanhã havia mais uma dose. 
Quanto vale esta montra???
E que dose. Ah! Depois de arrumada a tralha, tempo para uma corridinha, só para que "eles" não esqueçam. Tive de abortar a 1' do objectivo. Um tal de ácido láctico, que já havia feito mossa numa das tais subidas viradas às nuvens, voltou a atacar e o melhor era mesmo parar por ali. 


Low cost está mesmo na moda
O fim do dia trouxe-nos tempo para o enfardanço e, igualmente bom, o convívio. Foi excelente partilhar experiências com gente que se conheceu ali e naquele momento, misturados com outras caras conhecidas. É uma mais valia e torna o prazer intenso e repetível.

Continua...


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