(Falta o Manel,,,) |
No fechar da cortina do evento que aqui me trás, ficam grandes recordações. Nem todas verdadeiramente positivas, o que pode parecer estranho, mas adiante explicarei.
As Elites
Olhando para a classificação e chamando ao presente as memórias guardadas de dentro, fiquei embasbacado com o elevadíssimo ritmo que essa extraordinária rapaziada imprimiu aos seus andamentos, quer no ciclismo, quer na corrida. Natação não dava, como não deu. E observando melhor os tempos realizados, comparando-os ainda com aqueles registados na última edição do Campeonato Europeu, realizado em Pontevedra, os dois primeiros pouco ficam a dever aos registos médios da participação dos elites europeus, e se considerarmos a sua jovem idade, o futuro poderá ser-lhes risonho, assim continuem focados. O que quer dizer que toda esta malta nova sub23, na sua esmagadora maioria, tem classe internacional. Tem um grande significado para a modalidade, mas acima de tudo para o desporto nacional. Ainda não serão devidamente reconhecidos. Apenas alguns sobressaem na imprensa afim, mas acredito que mais tarde ou mais cedo o mérito do seu labor será amplamente reconhecido em termos públicos.
O primeiro sénior aparece "apenas" no 18º L, o que faz realçar o que atrás ficou dito. Depois, 4 juniores nos 15 primeiros também é muito bom sintoma. Uma palavra para o Sporting da Golegã que, aparecendo este ano e em força, tem atletas de grande nível global, mas também alguns pontas de lança com elevada qualidade, como é o caso do júnior João Francisco Ferreira, colocado em 13ºL. Muito bom.
O nível feminino, mesmo com a participação da Anais Moniz, que venceu com larguíssima vantagem, ficou um pouco aquém do desejado, especialmente porque...não há homogeneidade na capacidade individual das atletas; se são muito boas na natação, são fracas na corrida, se são fortes na corrida, são fracas no ciclismo, se...é pena! Portugal precisa muito de atletas de dimensão internacional para além da Anais e Areosa, as duas únicas atletas do momento capazes de competir a nível internacional, e não está fácil preencher esse vazio que a ultra-super atleta Vanessa Fernandes deixou na modalidade. Será que nos habituámos mal? Mas, nunca desistir. O Fonte Grada tem um "puro-sangue" cuja capacidade só peca ao nível do ciclismo, mas este leva tempo. Não é fácil pedalar bem de um dia para o outro, como não é fácil nadar e correr bem só com um estalar de dedos. Esperemos que a vontade supere os sacrifícios que terão de ser feitos para se atingir níveis que a projetem para fora de portas.
A Prova, minha
Agora, após ter assentado todo o pó resultante da exaltação pelo lugar alcançado, confirmo que atingi um pico de forma. Foi planeado? Foi, isto é; preparei-me em função das circunstâncias para Pontevedra, essencialmente. Aveiro aparece na sequência dessa planificação. Porém, não posso deixar de reconhecer que
fazer dois "olímpicos" seguidos, em menos de oito dias, tem os seus custos, pelo menos para um atleta veterano, como eu. A realidade é que, apesar da gestão que foi feita durante a semana que mediou a competição na Galiza e esta a meio caminho entre o centro e o norte do País, mal comecei a esbracejar na água me senti...cansado. Não terá sido por acaso que vários dos que marcaram presença em terras galegas desistiram ou "passearam" em Aveiro. A bela Katarina Larsson à cabeça. E se acrescentarmos a isso o facto de que estávamos num segmento novo no triatlo, que descobri agora em Aveiro, o "porratlo", isto é, "procurar nadar com o máximo de cacetada possível", a sensação de fadiga acentuou-se. Aos poucos pensei que me iria libertando da cela aquática em que me tinham enjaulado, mas não. Foi praticamente toda a viagem literalmente encurralado entre pontapés e esmurranços. O engraçado é que aind ahouve alguém com sentido de humor que de vez em quando me fazia cócegas nos pés. Seria para eu me rir? Logo eu, que me estava a divertir imenso. Ria que Deus-a-dava, piada é que não achava nenhuma. O momento melhorzinho terá ocorrido aquando do retorno, mas não durou muito...já bem perto da chegada, sinto pontapés; mas que raio de técnica de natação é esta, que novidades introduziram as novas tecnologias na cena da natação que se passou a nadar pontapeando a água de lado? Não entendi. O que eu sei é que detesto toques aquando no nado. Perturba-me a respiração, que indo nos limites fica logo atarentada, ela e eu. Bom, tinha acabado a via sacra, havia cumprido a penitência toda, estava na hora do ciclismo. Este tinha a estratégia bem definida; ir na roda, fosse ela qual fosse. Apanhei ou apanhou-me ele, um novo amigo nestas coisas do triatlo, com quem no final troquei um intenso e forte abraço, o Luís Ferreira, da Académica S. Mamede. Mas, será eu este clube só tem gente cinco estrelas? Fantástico, Luís. Fizemos uma parceria um pouco ingrata para ele; é que ele puxou a maior parte do tempo, nos poucos momentos em que fui para a frente, ele atrasava-se. Mas, recuperava e lá seguíamos juntos os dois. Pelo caminho fui.me apercebendo de que afinal a natação não teria sido assim tão má. Muita gente famosa me ia alcançando. Ainda procure colar-me a alguns, mas não era dia de grandes loucuras, o corpo não deixava e uma dor que começou por ser zinha e passou a preocupante, no quadricípede esquerdo, fazia-me temer pela corrida que entretanto se aproximava. Até que aparece um pequeno grupo liderado pelo Paulo Renato, do Peniche. Não havia alternativa senão juntar-se-lhes. E assim foi até à segunda transição. Entretanto, o Luís ficou para trás. Não por muito tempo.
Na transição deu de imediato para perceber que o Paulo está bem melhor na corrida que eu, este ano, mas também deu para entender que este segmento final haveria de ser bem sofrido. Só a partir da segunda volta é que o sistema se soltou mais um pouco, mas a fadiga estava lá e preparado estava para o sofrimento final. Nos entretantos passa o Luís, o Carlos Gomes, que ainda tem a lata de me propor uma colagem, só que a cola estava gasta, só havia post-it. Este homem faz um regresso em pleno, com um nível fabuloso. Grande V2 que terei de gramar para o ano que vem. O melhor é continuar a pensar neste. Passa também o Feijão, grande companheiro, mais o Cipriano do Fonte Grada e mais a Liliana, também do Fonte Grada que levava fogo nos pés. Grande curso de corrida. Na entrada da parte final da corrida acontecem-me duas coisas quase em simultâneo: vislumbro o rival direto do Almada, Paulo Carvalho, e estranho. Por aqui? Acelero, passo-o. Só que mais à frente, num cotovelo, aparece-me outro rival, nesta fase bem mais perigoso; o Manuel Gonçalves! Dispara o alarme, falta aí quê? 1 km? Bom, acelero, dou tudo. A vantagem é boa, mas...nunca fiar, o Manel corre muito bem, bem demais para mim. Ultrapasso tudo e todos naqueles metros finais até à meta e seguro a vantagem de pouco mais 50''. Mais tarde verifico que fico a 1' do primeiro do escalão, o João Santos, do Bombeiros Estoris. Concluo que se tivesse mais uma volta...ficava tudo na mesma para mim, só trocavam os nomes à minha volta. É melhor deixar assim mesmo.
No final, e apesar de um segmento de corrida sofrível, o melhor registo após três "olímpicos", e sempre a baixar a marca. E um lugar no pódio, especial pelo inusitado, por ser a primeira vez que sinto o prazer de subir o degrau. É o culminar de um momento muito bom e de chegada da alegria, após momentos de desespero, por vezes tristes, com lágrimas caladas no interior do meu silêncio, na certeza de que a "corrida" só agora irá verdadeiramente começar. Mas, disso tratarei de falar mais à frente, outro dia.
Agora e olhando para trás, para Pontevedra e para o exemplo dos triatletas com deficiências várias, tenho cá uma sorte, companheiros...temos cá uma sorte!
Agora e olhando para trás, para Pontevedra e para o exemplo dos triatletas com deficiências várias, tenho cá uma sorte, companheiros...temos cá uma sorte!
A Organização
Tenho duas observações a registar que não posso deixar de comentar. A primeira tem a ver com o segmento de natação. Como é possível meter a rua Augusta na rua da Bitesga? Meu Deus! Quer-se fazer ali a prova...vamos lá ter boa vontade e ser positivo; porque não partidas separadas, por escalões, por isto ou por aquilo, mas separadas! As imagens falarão por si, as que hei-de publicar, mas a sensação de que lutei para sobreviver na água é real. Como dizia um companheiro no final; será que teriam coragem de proceder a uma prova assim com a malta da formação, com o mesmo número de participantes? Eu pergunto; será que uma organização internacional aprovaria as condições de natação em que participámos? Sei que a esta altura estarei longe de decidir o que fazer para o próximo ano, mas que não me apetece nada voltar a sobreviver naquele "porratlo"...
Segundo aspeto; já referi a propósito da prova realizada na Póvoa de Varzim, nos dois últimos anos; da importância da retirada das lombadas da estrada aquando da realização do segmento de ciclismo. Não é por nada, é só porque é demasiado perigoso e caro! A velocidade a que se passa é elevada, não é coisa a menosprezar. Em Setembro de 2010, por altura da realização do evento referido, na Póvoa de Varzim, um super-sprint, simpatiquíssimo, bem organizado, cheio de boa disposição e alegria, mas...com aquele pormenor de ter as tais lombas. Resultado; um raio partido após a prova. Não é coisa pouca, mas pelo desnecessário, custava alguma coisa tirar as lombas e voltar a pô-las no lugar após a prova? No meu caso foi "apenas" uma roda! É o que fazem aqui em Esposende, aquando da realização de eventos de ciclismo. Pelo que me parece é apenas um pormenor que pode fazer a diferença para o excelente, mas essencialmente a prova de que se respeita os atletas tanto quanto o material que usam.
Companheiros, quase que se me tomba a cabeça no teclado. Quero ainda agradecer as simpatiquíssimas palavras aqui deixadas pelos companheiros no último post. Obrigado.
Imagens em breve. Abraços triatléticos.
1 comentário:
gosto muito de ver, que as "nuvens cinzentas" se afastaram do teu caminho..., que ainda é longoooooooooooo....., estou de olho em ti!!! 8-)
quem é que te aguenta assim???
forte abraço,
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