Triatlo Olímpico: Uma Mentira?

06/11/12




Este assunto que aqui vos trago já tem barbas na minha cabeça. Ou será teias de aranha? O certo é que após ter assistido ao enorme espectáculo que foi a competição olímpica de Londres 2012, fiquei com a sensação de que alguma injustiça, no mínimo, transpareceu no rescaldo do segmento de ciclismo. Tudo por culpa de um formato - o formato do triatlo olímpico. Passo a especificar.
Na realidade, se considerarmos, em termos comparativos, a atitude competitiva dos irmãos Brownlee, e acima de tudo de entre eles o Alistair, com a de outros, quase todos os outros atletas, constatamos que a postura competitiva de ataque constante no segmento de ciclismo não lhes trouxe nada de vantajoso. Ao invés, trouxe-lhes certamente maior desgaste, que embora não se tenha notado em particular, certamente ter-se-á verificado. De outro modo, constatámos todos que os diversos grupos, três grandes grupos, acabaram por beneficiar de um esforço colectivo para se agruparem e do qual acabou por resultar apenas dois grandes grupos, essencialmente. Primeira conclusão; andar na roda pode ser uma estratégia vantajosa em termos de gestão do esforço e da qual se poderá beneficiar mais tarde. 
Ora, o segmento de ciclismo representou, em termos gerais, cerca de 63% do tempo de competição (os triatletas demoraram cerca de 60 minutos - um pouco menos os melhores classificados- a perfazer os 40 kms do segmento em análise; a natação representou cerca de 18% e a corrida cerca de 32%). Todos aqueles que se reservaram no pelotão, concerteza beneficiaram da sua atitude mais conservadora. Bom, se compararmos com o triatlo no formato longo, onde não é permitido o drafting, concluo que há incomparavelmente mais verdade desportiva numa competição onde a génese da modalidade é melhor defendida, do que num formato do tipo olímpico.
Compreendo que na ideia de promoção da modalidade se tenha considerado esta solução para o triatlo olímpico. Porém, creio que hoje por hoje o público em geral está melhor informado e mais familiarizado com as características específicas que a modalidade triatlo, enquanto desporto, encerra. Não será por acaso que as competições no formato ironman atraem cada vez mais adeptos e espectadores, donde sobressai a final do campeonato do mundo na bela ilha de Kona, no estado americano do Hawai.
Para mim, enquanto espectador amante do triatlo, é-me confrangedor assistir a uma competição no formato olímpico onde o ciclismo não consegue constituir-se como segmento de selecção de valores, para mais quando representa a maior tempo de competição dos atletas. Mais, penso mesmo que o ciclismo (será mesmo ciclismo?) nem se encontra representado neste formato, sendo mesmo o parente pobre dos três segmentos. 

Companheiros, abraços triatléticos.

2 comentários:

david caldeirao disse...

não me parece que seja uma mentira!? o espetáculo manda...
quem faz triatlo já sabe muito bem que as unicas semelhanças entre o triatlo olimpico(curtos) e o ironman(longos) é que se nada, pedala e corre, mais nada!!!

http://diariodeltriatlon.es/not/3868/tim_don__campeon_mundial_2006___estoy_seguro_que_el_triatlon_de_rio_2016_sera_en_distancia_sprint_/

sica disse...

Mas olha que mesmo num Olimpico, para se ir na roda e depois conseguir correr tem que se comer muito alcatrão.
Não vejo as coisas como justas ou injustas, são dois formatos diferentes que exigem treino e estratégias diferentes.
No entanto nas provas ITU, estou convicto que mesmo que não existisse roda iriam ganhar os mesmos do costume :-)