Viagens na Minha Terra, pedalando - Part II: Ligar os Motores!

07/09/13




Desde a minha participação no longo de Caminha que a consolidação do treino ficou afectada. A chegada do mês de Agosto mas especialmente a incapacidade da corrida a pé, fizeram-me despreocupar a disciplina e a preparação para futuros eventos. Abriram-se as portas a outros prazeres, brancos e tintos à cabeça. A chegada a Tábua, acompanhada de uma constipação em ebulição, deu origem a uma nova curta paragem, razões juntas que adiaram uma tirada há algum tempo planeada, mas sem data: Tábua - Oleiros! 
Como o difícil é sempre começar ou recomeçar, o início de uma nova semana, para mais com todo o tempo do mundo para as coisas que teriam de ser feitas, e apesar do calor, imenso, sugeria a oportunidade certa. O regresso às estradas, agora secundárias da região beirã, tinham de ter caldos de galinha. Afinal, para sair de Tábua é necessário escalar de imediato, seja para que lado nos viremos. A pulsação dispara, o pequeno almoço estrabuja...mas os músculos, repousados, não acham estranho. E assim, nada melhor que viajar até Arganil ou Gois ou Avô para recordar as curvas, o sobe e desce, as paisagens, os rios e os açudes, as praias fluviais, nesta época com gente. Mas, de modo progressivo porque as distâncias assim aconselham.
Dia após dia, acrescenta-se mais uns minutos, largos ou menos largos, conforme os casos, adiciona-se-lhe a natação nas temperadas águas da praia fluvial de Secarias, belíssima, ou da barragem da Aguieira, e por fim, ao cair do pano, após os cuidados exigidos por um terreno sequioso, uns minutos de corrida. Porque as sensações são boas, não há vestígios de queixas, já se repousou bastante tempo. E temos as férias ideais. 
Após umas saídas bem sucedidas, com as boas reacções e com a constipação debelada, planeia-se novos desafios ou desafios mais exigentes. O corpo e a mente pedem. Porém, há um problema: os fogos! Triste, não pela contrariedade de pedalar para as regiões afectadas, mas pelo drama humano e natural e pela incapacidade de se controlar este grave flagelo que teima em acompanhar a estação do verão no nosso País. Gostaria de ter saído para o Caramulo. Nem pensar. Fica adiado. Longe estava eu de imaginar que se assumiria como o mais trágico, dramático e longo fogo do corrente ano. Gois também assolada pelo fogo, que permitiria ligar Tábua a Pedrógão e voltar (outra volta durinha) e Oliveira do Hospital. Resumindo, quase cercado pelos fogos. 
No topo da subida, percebia-se claramente o fogo de Oliveira do Hospital
Entretanto, à terceira saída para a corrida, o gémeo esquerdo permite apenas 11'. Lá se foi a esperança de entrar em Setembro pronto a competir. Não há programa que regista a isto. 
Restava-me então nadar e pedalar. Novamente! Não há problema, dois dias a gerir os mínimos motivacionais, eis que regressa o Domingo e com ele um grande plano: Tábua-Vide-Seia-Tábua.  Já havia realizado este trajecto uma vez e na altura garanto-vos que levei um bom empeno. Outubro passado, precisamente. O forte deste percurso é constituído por uma ascensão entre Vide e já uma parte da Serra da Estrela, tendo uma extensão de cerca de 15 kms, com pendentes de 10% e acima disso. Associado está uma paisagem deslumbrante, e naquele domingo, quente, muito quente, soube-me bem inalar aqueles ares puros, encher a cabeça ao som da fauna local, familiares duma serpente bébé com quem me cruzei a dada altura. Tão distraída estava em se aquecer no alcatrão que nem deu pela minha presença. Carros? Sim, muito um de vez em quando. Ao longo do trajecto estão inscritos nomes de guerreiros que aqui competiram e  no final da ascensão ficamos na dúvida se é para continuar até à Torre, ou não! Adia-se, não estava planeado.

                                        

Viro para Seia e desce-se prevendo que um dia aqui regressado se fará o percurso inverso, igualmente difícil.
Já se descia. 
O eixo Seia-Tábua haveria de marcar as minhas incursões de bicicleta. 
Algo que achei curioso neste dia, foi o inusitado, para mim, cruzar com vários ciclistas, ora de estrada, mais de BTT, mas como até aqui ainda não tinha acontecido. Penso que pedalar também está na moda. Aliás, mexer o esqueleto está mesmo na moda. E concluí que o trajecto até Vide, excluindo a subida, onde não me cruzei com ninguém, quer descendo, quer ascendendo, é muito apreciado na região. Afinal, Piodão está ali ao virar da esquina. Digo eu.
Resumindo, uma manhã domingueira à maneira, com 92 kms de extensão, em cerca de 4h menos 15' (melhor tempo que em Outubro), 2402 kcal gastas, muito graças a um acumulado total de 1682m. Velocidade média de 25 kms/hra. Estava de regresso ao asfalto e sem grandes perdas. Viva o descanso! Começa a ganhar forma o grande plano das férias.

Continua...

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