ETU European Triathlon Championships 2011: Gracias Pontevedra!!!

28/06/11




                         




Aviso: Esta irá ser uma crónica longa! Para quem não gosta de ler, sempre pode dividir a chatice por episódios.


Preâmbulo

Estes campeonatos europeus de triatlo em Pontevedra foram para mim um verdadeiro turbilhão de emoções. Concerteza que para muitos dos presentes. E tantas são que nem sei bem por onde começar, mas sei que vai sair coisa longa, tantas as imagens que impregnadas em mim guardo deste evento e de...24 horas! de presença na bonita cidade galega. 

A saída de Esposende já se fazia um pouco tarde, para quem desejava reunir-se com o grupo para o almoço luso da comitiva. A meio do trajeto vou ligando ao Pedro Brandão. Não há novidades; não se conhece local de encontro. A hora...será local ou portuguesa? última duvida. Ficamos à toa, mas continuo de prego a ...quase fundo. O trajeto tem de ser o mais curto; auto-estrada sempre, portanto. O check-in no hotel ou pensão ou hostal ou o caraças, fica para depois, talvez após o almoço, talvez após o check-in das biclas no parque de transição, talvez...quando for possível.  Estava estressado, o relógio não pára e as poucas vias de portagem abertas obrigavam a alguma espera em fila. Na última portagem, vislumbro a carrinha do Perosinho. Procuro seguir-lhes o rasto, mas qual quê...os gajos ainda íam mais na brecha que eu. Pontevedra depara-se-nos e a orientação vai ser por intuição. Rio? onde está o rio? ali, bora. Pontes...?xi, há mais que muitas. Vai ter de ser às apalpadelas. Lá encontrámos o parque de estacionamento, lá aparcámos e lá nos dirigimos para o centro das atenções. Calor, bastante calor. E a prova feminina já decorria, no segmento de bicicleta. Duas lusas em prova, as nossas melhores triatletas; Anais Moniz e Maria Areosa. Já lá vamos.
(Anais Moniz)
(Maria Areosa)
(Saída para a segunda volta)
Tarde de Sábado

Afinal não há almoço de comitiva. Tem de ser melhor acertado, na próxima. Vontade há, falta organização. Aprende-se com os erros, não é verdade? Então, havia que comer. Esta coisa da hora a mais ou hora a menos cria alguma confusão. Mas, apesar disso, estava na hora de comer. Só que...onde? E...estava a decorrer a prova feminina. Que fazer? Olha, ainda deu para incentivar as atletas lusas. Saíram muito bem da transição para a corrida, mas o ritmo na frente era muito forte. E a Areosa estava muito bem colocada face à Anais. Previa-se que no final fosse a primeira lusa. Assim foi, portanto. Deu também para verificar que a amplitude da passada das primeiras era incomparavelmente maior. E a este nível, é aqui que tudo se decide. Meninas, só há uma forma; trabalho, trabalho e trabalho. E bastante gente a assistir, aquela hora.
Lá almoçámos, bem. Até comi demais. No cardápio, a desorientação inicial de quem cai de pára-quedas num lugar diferente, fora das nossas tradições; não há massa ou esparguete, não há a comida que costumamos comer, é isso. Bom há as batatas para carregar as reservas orgânicas de carbo-hidratos. Pronto, tá feito. Mas, o estresse continua. Eu vou para a foto de grupo e tu ficas...por aí. O calor continua intenso. Pelo caminho cruzo-me com o campeão Caldeirão, mais o João Rita. E aparece o Presidente, mais outro pessoal, mais o cão do Adão (salvo seja).
Foto de grupo, ao sol, claro! A boa disposição imperava e a vaidade nem parou ali; não havia lugar para mais. E que dizer das atletas lusas? Elegantérrimas, bonitas..."Ó tempo, volta pa trás...".
Bom, lá fomos cada um à sua vida. Essa a ideia. Só que acabámos por nos cruzar variadíssimas vezes. A seguinte seria precisamente para...

Paratriatlo

...assistir ao momento mais emocionante das competições: a prova paratriatlo. Reparem no pormenor; para além das deficiências físicas de que são portadores, ainda tiveram de realizar a sua prova à, provavelmente, hora mais quente do dia (estavam 40º)! Eu sei que o calendário é apertado, mas...custa um pouco aceitar esta ideia.
(o Basílio estava concentradíssimo)

A esta hora reencontro a minha esposa. Estávamos com o Caldeirão, o Rita e mais alguns, a assistir a um momento de tão arrepiante, quanto emocionante; a chamada dos atletas para a plataforma de partida. Um a um, alguns amputados de pernas, outros de braços, outros cegos, outros paraplégicos, outros sem...mas, com a vontade férrea que outros não têm, mesmo tendo aquilo que a estes lhes falta. Eu acho que esta é uma mensagem de uma dimensão extraordinária para todos os que assistiram; não há limites para o sonho, há apenas vontade. Tudo depende de nós, ou quase. Para mais, a ETU devolve a possibilidade a todos de serem iguais entre iguais, apesar das diferenças, que acima de tudo existem nas cabeças de todos nós. Um dos sérios problemas dos deficientes é precisamente a aceitação social. Por isso, muitos ficam em casa e não os vemos com assiduidade nas ruas, nos centros comerciais, nas praias, praticando desporto, etc. porque se sentem estigmatizados, marginalizados. Este foi um excelente contributo para desmistificar muitos daqueles estigmas. Também aqui o triatlo pode fazer a diferença.
(Paratriatlo)

Pouco público a assistir. Pena! Tanta coisa para aprenderem. Eu aprendi, recebi lições de vida naqueles momentos. Irão perdurar para sempre na minha memória.
Portugal apresentava o Pedro Basílio. Concentradíssimo. Já momentos antes da partida, de costas para nós, levantou os braços para agradecer os imensos incentivos que todos nós lhe endereçámos. Obrigado, Pedro.
E partida! Lá foram todos, cada um igual a si próprio, como nós, quando em prova. Após o contorno da primeira bóia, já estávamos do lado da transição, na bancada, esperando todos, mas acima de tudo o Pedro Basílio, claro. A reta final da natação estava a não mais de 5 metros. Nem tanto. Quase que lhes sentíamos a respiração. Sprint era a distância de triatlo que tinham de cumprir. Os primeiros vão chegando. Mais tarde mostrar-vos-ei as imagens. São verdadeiramente impressionantes de força de espírito, especialmente isto, força de espírito.
O Pedro sai bem, no top 5. Transição rápida, mais incentivos, muitas palmas lusas e outras, mas para todos igualmente. No final, falta sair apenas um atleta. O seu handicap é elevado. Provavelmente, paraplégico. É preciso ajuda; tirar o fato, sentar na bike especial. Iria pedalar com as mãos. Finalmente saíu. Palmas, muitas, merecidas. É um triatleta que ali vai.
Não deu para assistir ao curso de corrida. Ainda não havíamos parado. Eu tinha acordado às 5 da manhã. Andava a 100! Havia que repousar um pouco. Vamos lá beber qualquer coisa fresca, num lugar fresco.

Check-In na Transição

Às 18 horas locais estava previsto a abertura do parque de transição para a verificação das biclas, conforme informação da federação. Quando cheguei à zona, já havia uma fila enorme, mas o problema maior não era a comprimento da fila, antes a demora do chek-in. Demasiado tempo. Última informação dava conta da necessária verificação do fato, o de competição. Falei com um dos juízes e foi-me garantido que era o mínimo a verificar. Lá tive de voltar ao carro e buscar o fato, de neopreme. Quando regressei, a prova de elite masculina estava quase a iniciar-se. Iriam estar presentes 5 atletas lusos, todos muito bons. Era para se assistir, claro. 20' depois de voltar do carro, afinal o fato a verificar era o de competição. Grrrrrrrrrrrrr...maldita "cocaína"! Lá vai ele novamente de volta ao carro, buscar o fato com POR estampado. Conformo-me, claro, mas não me perdoo. Pelo caminho vou avisando os outros lusos. Ficam todos na dúvida. Afinal, o fato poderia ser mostrado no dia seguinte, soube depois. Enfim! E a prova de elites já se tinha iniciado. Deu para ver a partida, entre as "viagens", e deu para ver passar e incentivar os lusos na transição para a transição das biclas. Uma multidão a assistir! Impressionante. Nunca havia assistido "in-loco" a uma competição de elites, apenas pela tv, e fiquei impressionado. Claro que não será estranho o facto de Javier Gomez ser de Pontevedra. A ponte donde se observava a partida para a natação estava apinhada de gentes. Espetáculo!
E eu lá faço o chek-in, lá me pintam os braços e as pernas com o número de inscrição, mais o escalão, e lá coloco as coisas no parque. Verifico se é necessário alguma coisa mais, não é. Na manhã seguinte tratarei do resto. Deixo lá apenas a bicla, mais nada.

Elites Maculinas

Reencontro a amada e vamos procurar um lugar "porreiro, pá" para assistir ao curso final dos elites, a corrida, e finalmente ir fazer o outro chek-in, este do hotel, pensão, hostal ou o caraças.
Bom, impressionante várias coisas; a leveza dos "animais-de-competição", a amplitude da sua passada, as silhuetas delgadinhas dos seus corpos. Quando ali chegados, já os Brownlee íam a toda a hora, pareciam que tinham assaltado um banco cheio de barras de ouro, eles que íam a caminho a passos largos de outro ouro.


 Atrás um russo, e mais atrás o espanhol  Mola, que corre a 200 à hora, mas no sábado os ingleses estavam imparáveis. Em 6º passava o Pereira, João...palmas, incentivos, berros "força, João!", logo a seguir o Bruno, mais o Duarte. Espera aí, falta alguém...mais uma volta, mais uma ventania do catano à passagem dos britânicos Lee, mais incentivos para os lusos e também para os outros, claro! e...continua a faltar qualquer coisa. Pois é, o Silva, João, e o Arraiolos, Miguel, haviam desistido. Eles que haviam saído tão bem da natação, especialmente o João Silva, bem na frente. Olha, não deu, não deu. No dia seguinte, quando já me vinha embora, cruzei-me com ele e foi precisamente isso que ele me disse. São dias. Foi o que terá acontecido com o grande campeão Gomez, atleta da casa e que se "quedava" por um modesto vigésimo-não-sei-das-quantas. Não deixa de ser campeão, não deixa de receber fortíssimos incentivos do público, que rejubilava à sua passagem. Volta final e passadas finais...indescritível a cadência e a passada do Brownlee mais velho. O homem voava, não andava, voava. Os pés serviam apenas para novo impulso para voltar a bater as asas. Fiquei com o queixo caído. O Pereira, João, num belo 6º lugar, seguido do Pais, Bruno, cuja recuperação na prova foi notável, ele que saíu muito atrás da natação. E logo a seguir o Marques, Duarte. Muito bem.

Sábado, Fim de Dia

Finalizada a prova elites masculinas, estava na hora de, finalmente, ir ao encontro do hotel, hostal, pensão ou o caraças. As indicações eram simples, mas a cabeça complica um pouco estas coisas e uma saída mal efetuada levou-nos a perder mais de meia-hora à procura dum coisa tão simples de encontrar. Afinal, ficava mesmo ao lado da nacional a caminho de Vigo. Simples!   
Faltava jantar, digo, comer qualquer alguma coisita e ...descansar. Esta seria a parte mais difícil. Conhecendo-me como me conheço, não seria fácil adormecer cedo. Também não houve problema; não iria acontecer. A questão é que a noite teve para mim cerca de 3 horas de sono, maximum. Não foi fácil. A excitação era forte, mesmo considerando que havia acordado bem cedo e tido um dia intenso, especialmente em termos emocionais. Que fazer? Aguentar, pois. De modos que lá acordei às 4h e 30' (portuguesas) planeadas, bem disposto, pois então, e desperto para a contenda. No hotel, também estiveram presentes outros portugueses. Não nos falámos, havia muita coisa para fazer, mas deu para perceber que alguém ultimava conselhos a alguém sobre a técnica da braçada. Nunca será tarde, mas iria a tempo?

Dia de Competição

A viagem de regresso a Pontevedra foi muito mais fácil, desta feita. Quando chegados ao parque de estacionamento, já fervilhava o ambiente. Os voluntários, os atletas e os noctivagos, que saíam das discotecas aquela hora enquanto nós iamos fazer o que íamos fazer. Há gostos para tudo. Eu cá prefiro estes. 
O pequeno almoço já dançava no lugar e o tempo começava a escassear.  A caminho do parque de transição vamos-nos cruzando com várias caras conhecidas. 


Junto da bike, o Manuel e a sua máquina, mais o Rita e também a sua máquina. Boa disposição, acima de tudo. Qué feito dos elásticos? Mer...perderam-se no caminho. Mais uma vez, não vai ser fácil encaixar os pés nos sapatos. O intestino dá a volta e time para a toilete. Mais fila, mais espera, e o tempo a fugir à porta da casa de banho móvel. Gente que aquecia na água fazia-me inveja. Já não iria ter tempo de ativar como devia. Liberto-me da toilete, da fila e tudo o mais e corro a vestir o fato para, pelo menos, mergulhar na água. A chamada dos atletas já havia começado, não pelo nome (eram mais que as mães), mas por grupos, escalões. Eu ainda vou à escadaria que haveria de subir no final do segmento de natação e atiro-me à água. Esta estava boa, agradável, com fato, claro. Eram quase 7 da manhã, hora tuga. E afinal, havia mais gente a precisar de sentir a água. Um deles o David dos algarves, o nosso A-G mais medalhado, o best of. "Como está a água, João?" "Fixe", respondo. Ele atira-se e ouvem-se apitos e avisos. Já era tarde. Bom, ainda deu para sentir. Após umas corriditas à pressa, ali no tapetume da chegada, dirijo-me para a fila. Nem sei bem qual o meu grupo. Pergunto e encontro. Fácil. E foi engraçado sentir a estrangeirada; irlandeses, italianos, espanhois, em largo número, ingleses, também muitos. Começa a verdadeira ansiedade. Os grupos íam  sendo chamados um a um para a plataforma de partida. Parecia um máquina trituradora. A gente obedecia. Tento ver a cara-metade. Nem por sombras. E lá vamos nós. Chegado à plataforma, fico com o Rita do meu lado esquerdo. Escolhemos ambos fugir da confusão. Não é que fosse muita. Afinal, éramos 25, já que 9 haviam faltado à chamada.
Falta apenas 1 minuto. Vamos para dentro de água. A qualquer momento soa a trombeta. Procuro concentrar-me, focar-me no gesto da braçada, rever o automatismo, rever o ritmo, incentivar-me. Não é fácil, falta tempo. 
Ponnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn!


A Prova

Lá vamos nós. Mal começo, apercebo-me que há uns caramelos que me querem ultrapassar vindos do lado direito. E ultrapassam mesmo. A água do rio é escura, difícil vislumbrar o que quer que seja. Os peixes da zona há muito que mudaram de casa nestes dias. O Rita incomoda-me um pouco. Trocamos alguns galhardetes. Também com outros camaradas. Mas que raio! Com tanto espaço, também aqui há cotoveladas? Caramba. Triatlo é triatlo e nas partidas para a natação é difícil evitar estas cenas. Apercebo-me de que há gente que se afasta, outros que se mantêm próximo. Tento manter o ritmo e procurar a técnica em cada braçada. Não era um pouco tarde para isso? No meio daquela azáfama, ainda há tempo para tal. Tento coordenar o corpo, na vã esperança de não ficar muito para trás. Entro na zona desconfortável, a respiração fica ofegante. E a primeira bóia de retorno nunca mais aparece. Ao fim de algum tempo, lá está ela. E aqui chegado, sem ninguém a importunar-me, não é que dou duas valentes marradas na dita? Ó se saxavor, não se importa? Ela não se desvia. Parece até que faz questão em se meter à frente. Tenho de alargar a braçada para fora. A seguinte estava difícil de vislumbrar. O sol de frente chateava. O que vale é que havia os voluntários que serviam de azimute. Finalmente vejo-a e contorno-a. Procuro retomar o ritmo forte. Já vou cansado. Aqui e ali, desvio-me da rota. Má navegação. E a páginas tantas começo a ver gente a passar, com toucas de outra côr. Mau! Eram as gajas novinhas em folha que haviam partido não sei quantos minutos depois de mim. Que humilhação! Penso, devo estar a fazer uma boa borrada. Olha, há que continuar, que se lixe.
Na reta final, parece que a escadaria, que já se vê à distância, foge de mim. Nada-se, nada-se mas ela lá continua, quase à mesma distância. Mas, não. Dirijo-me para a primeira transição e após uma sensação de corpo quebrado, parece que poderia ter dado mais de mim na água. Chegado à bicla, constato que devo ter nadado mal. O Manuel já lá está, pronto a sair, mais o Rita, quase no mesmo tempo que eu. Levo a burra e lá está; a cena dos sapatos faz-me perder alguns segundinhos. Arranco bem, com a tal sensação de que estou fresco e parto para um segmento que me encheu as medidas. O curso de bicla é simples de descrever: 10 kms para subir, dez kms para descer, duas vezes. Pelo meio, umas retas e, acima de tudo, zonas de recuperação. Era mesmo ao meu jeito. Aos poucos vou-me apercebendo porque a delegação Suiça tinha toda ela "cabras" para este segmento, homens e mulheres, como havia constatado no dia anterior. Como não era permitido "drafting", como faziam questão de avisar os motociclistas que vigiavam a prova quando tal parecia acontecer, este segmento favorecia claramente a justiça na prova. Porém, aquela subida imensa também não daria azo a colagens. Quem tivesse unhas tocaria seguramente melhor a guitarra. 
E aos poucos fui ultrapassando os compatriotas do meu escalão. Primeiro o Manuel, ainda na primeira volta, o Rita, já na segunda volta. Ambos na subida, pois. O impressionante deste segmento foi assistir ao desdobramento da velocidade das tais "cabras". Cheguei a ultrapassar os 70 kms/hra no inverso da tal subida, vingando-me dos 17 kms/hra, e houve gente que me ultrapassou, muito provavelmente a quase 80 kms/hra. 
Conclusão; estava sentir-me bem a pedalar. Aproxima-se a corrida e já me vou mentalizando para sofrer.
Mal ponho os pés em terra para o último segmento, já ouço os incentivos da mulher, embora não a veja. Uma voltinha ao tartan do estádio onde se localizava a meta e um percurso por entre a bela zona histórica da cidade, constituíam o percurso de corrida a pé, 4 vezes. 
E por entre as ruelas, extraordinário foi o apoio incansável de muitos portugueses, em especial, mas também de ingleses, espanhois, dos voluntários! fantástico, que batiam palmas e mais palmas. Sem palavras para melhor adjetivar este extraordinário comportamento das gentes. Como também extraordinário foi sentir e ouvir os incentivos dos elites Pedro Gomes, que até nos ia tirando fotos, imaginem, e Joana Marques. Obrigado, meus queridos compatriotas. Ouvir os incentivos de toda a gente é fantástico, mas ouvir os elites do outro lado do palco, sem regatear aplausos a TODOS! mesmo todos os portugueses que faziam daqueles trajetos o seu momento final da prova, fica no coração. Assim como devo igualmente um agradecimento especial à esposa do Caldeirão, que conhecendo-me de "ginjeira", me incentivou e deu força em cada vez que me cruzei com ela. Obrigado, minha querida. 
Fiz um segmento em crescendo, defendendo a posição de melhor português colocado no escalão e lá me aguentei. Sabia, como sei, que o Manuel corre bem mais que eu. Por isso, ía-o controlando no tartan do estádio. Quando entro para a última volta, não o vejo, nem o Rita. Penso que iria ser muito difícil perder essa posição. Faço um forcing para a última volta, porque agora queria acabar com a coisa e procurar o melhor tempo na distância, à segunda tentativa. Consegui! Melhorei pouco mais de 2'. 14º no escalão, português melhor colocado. Que poderia desejar mais?
No final, o convívio entre os tugas, as incidências da prova, as maleitas destes e daqueles e respirar o prazer de ter atingido um marco na minha curta história de atleta de competição no meu escalão: representar Portugal!


Momentos  Marcantes

  1. A participação dos paratriatletas. Que exemplo, meu Deus! Sei lá, não tenho muitos mais atributos linguísticos a  proferir. Foi profundamente marcante na nossa vida saber que uma modalidade que envolve uma logística de organização complicada para quem a deseja praticar com handicapes, é possível fazê-lo, sejam quais forem as limitações. Enorme exemplo. Senti-me tão humilde!...Não pretendo destacar o Pedro Basílio, que por ser português e dos bons triatletas, não será mais que um entre muitos. Mas, esteve de parabéns, obviamente.
  2. O perfil dos atletas de elite. É qualquer coisa. Deve dar uma trabalheira do camandro manter o corpo afastado de tantas iguarias deliciosas. Não há margem. Que disciplina, também um grande exemplo de que para se ser campeão, não basta "ter", tem de se desejar "ser". O talento por si não faz milagres.
  3. A organização do evento! Exemplar. Os abastecimentos fora impec, a colaboração dos voluntários, foi impec, e não se limitaram a colaborar, envolveram-se diretamente no jogo emocional dos campeonatos. Fantástico.
  4. O apoio dos elites portugueses a todos nós. Outro enorme exemplo de que a fronteira entre o lado de lá e o lado de cá estará apenas na nossa cabeça. Foram de uma grande humildade e mais; prova da sua enorme formação humana. Adorei, amigos.
  5. As medalhas alcançadas pelo David Caldeirão e pela Katarina Larsson. São um estimulo para todos os que desejem chegar aquele nível e a prova viva de que com trabalho é possível. Não é fácil, mas é possível. Orgulho nacional. Obrigado, companheiros.
  6. O entusiasmo luso. Não se poderá chamar comitiva, porque não foi organizada dessa forma, mas o carinho entre todos esteve presente. Mais com uns  que com outros.Normal, diria, mas sempre boa disposição e companheirismo. Pelo que percebi, foi até agora a maior comitiva lusa no género fora de portas. Certamente que na próxima seremos mais, e melhor organizados para desfrutarmos ainda mais. Eu penso até que a própria federação ficou surpreendida com a nossa participação. Em todo o caso, há que lhe agradecer a oportunidade que a todos deu de representar o País e com isso encher-nos de orgulho. Comigo foi assim. Obrigado.
  7. Ver "in-loco" o trabalho formativo da federação, através das participações mais jovens, garantindo que há futuro para além de Vanessa e Bruno. Precisamos de sangue novo na modalidade e nada melhor que ver jovens craques do futuro em ação.
  8. O trabalho de voluntariado desenvolvido pelos finalistas do curso de Fisioterapia da faculdade do género da cidade de Pontevedra. Notável! Cada um de nós esteve seguramente no mínimo 20' na marquesa. Muitos, bem mais tempo. Foram incansáveis. Obrigado.
  9. A participação de gente de idades bem avançadas. Que carinho pela modalidade, pelo desporto, que hábitos de vida saudáveis, estes. E a sua capacidade para gerir o seu esforço, a sua própria fisiologia, o respeito pela idade sem perder de vista o exercício do prazer. Impressionante.
Isto já vai longo, embora a adrenalina ainda cá ande. Mas, está na hora de dar-lhe um fim, senão acabo por escrever um livro de memórias de um único evento e não pode ser.  


Seguir-se-ão as imagens. Agora, vou xonar que se faz tarde e amanhã é dia de trabalho.

A todos, boa semana e até Aveiro. Abraços triatléticos, companheiros.



8 comentários:

Triatleta disse...

Pela reportagem, nota-se que curtis-te a coisa a fundo. Ainda bem!
O que se quer em relação ao desporto e à vida é isso mesmo: gostar do que se faz.

Um abraço.

Paulo Neves disse...

Grande crónica, sim senhor! Não vou ter tempo de escrever sobre este fantástico evento mas partilho de todas as tuas opiniões! Também foi a minha primeira participação fora de portas e estou de facto muito orgulhoso. Também consegui a proeza de melhor português no escalão e não me encontrava em grande forma.
Parabéns pela tua magnífica prestação, regressaste em grande forma! Tivemos tempos muito parecidos! Fui um pouco mais rápido na natação mas depois desperdicei a vantagem numas patéticas transições! Na T1 perdi os óculos de natação que fiz questão de recuperar! Para a T2 tinha-me esquecido das sapatilhas com atacadores elásticos e então decidi usar meias, calçadeira ... tudo a rigor!
Temos que combinar uns treinos!

Grande abraço!

joao rita disse...

Simplesmente *****

E desculpa lá aqueles toques porque pensei q era alguem q vinha do nosso lado direito para cima de nós

http://www.estremoztriatlo.blogspot.com/

sica disse...

Parabéns João conseguiste passar o teu entusiamo para o relato, este foi daqueles dias para mais tarde recordar.
Em Aveiro, contas o resto que ainda faltar :-)

João Correia disse...

Passo para agradecer as simpáticas palavras vossas que aqui deixastes. Obrigado!

Paulo, é se acertar.

Rita, olha; o prazer de fazer um novo amigo neste cenário do triatlo é um bem maior. Gostei muito de te conhecer e de partilhar aqueles momentos. "Ficas por cá".

Abraços.

Mark V disse...

João, os meus parabéns por esta e pela tuas mais recentes conquistas! Apesar de não comentar sou visita frequente e é com agrado que te vejo a subir de forma de maneira assinalável!

1 abraço

david caldeirao disse...

é um previlégio, poder conhecer alguém como tu!!!
são essas experiencias que nos enriquecem no fundo são sensações que tão bem descreves que todos andamos à procura...
forte abraço,
obrigado!!! :-)

MT disse...

Parabéns pela prova e pela excelente descrição do momento espectacular que vivemos!

Abraço