A minha estória!

15/02/10



Enquanto ia cortando a relva do meu cantinho, dei comigo a pensar se não deveria dar-me um pouco mais a conhecer, antes de publicar o meu próximo artigo, que já está definido e que, de certa forma, também fala de mim, mas a título de recurso para referir as soluções encontradas para debelar a minha lesão que, penso, será interessante publicar.

Depois, pensei sobre a linha orientadora que esteve na base da abertura deste blogue, que entendo ser de todos os que desejem que assim seja, e concluo que fazê-lo será sair do propósito que referi. E reflecti! Pensei nos blogues que tenho consultado, nas experiências pessoais que vão sendo relatadas... Cheguei à conclusão que haverá, porventura, algumas curiosidades a contar, de modo resumido, naquela que designo por "A minha estória", dado que na minha imaginação aqueles que vão consultando este espaço se devem interrogar sobre a minha pessoa e derivados. Decido, então, que abrirei uma excepção.

Abracei o Triatlo há pouco mais de um ano, quando, na minha casita de Tábua, donde os meus genes são oriundos, encontrando-me de férias, dei comigo a ver e rever classificações online, não sei bem porque razão, duma prova de triatlo, disputada também não sei onde e por quem também não sei. Só sei que me deparei com o que há alguns anos eu julgava ser uma tarefa impossível para mim de concretizar: ser triatleta praticante. Pensei para comigo "eu consigo fazer isto". Não é que eu tenha sido o antónimo do que o triatleta é. Não! E a prova aqui está.

Sempre fui desportista, a minha profissão é o desporto (sou Licenciado em Educação Física, treinador encartado de futebol, licenciado em mergulho amador avançado, etc), andei foi por outros horizontes, sonhei outros sonhos, vivi outras vidas e algures pelo meio, quando esta modalidade começou a ser conhecida em Portugal, pensei que me era inacessível. Nunca fui nadador, embora sempre me tenha desenrascado bem; nunca fui corredor, embora sempre tenha corrido (mais atrás duma bola); nunca fui ciclista, embora pedale desde miúdo. Sempre fui mais virado para a técnica e menos para a oxidação. A mim escolhiam-me para marcar golos, fazer passes fantásticos (digo eu), nunca para correr atrás duma meta. Cheguei a orientar uma equipa de atletismo, o Estrelas do Bairro Olaio, em Odivelas (minha terra adoptada, nasci em Lisboa). Por pouco tempo.

Então, decidido a ser triatleta iniciei de imediato a maquinação de planos, equacionei alteração de rotinas, redefini horários, visionei onde e como iria fazê-lo. Há dois anos e meio atrás pesava 96kgs! Para um profissional do desporto era como uma nódoa na toalha mais linda que temos guardada. Quando decidi ser praticante pesava 81 kgs. Nessa altura tinha iniciado a "esmeração" da nódoa. Já rolava bem no BTT, que foi sempre o oxidante mais apaixonante para mim. Esta era a segunda tentativa que fazia para ser um betetista consistente, mas a ideia era mesmo perder peso. Acresce que tinha uma dúvida: como iriam resistir os meus gémeos, que sempre me traíram, quando a corrida passasse a ser mais duradoura e mais intensa? A minha primeira prova foi uma injecção de adrenalina para encarar o futuro de modo risonho: tinha feito 8º/14 no meu escalão (V2) no Duatlo de Santarém. Não precisava deste tónico, mas funcionou como tal. A partir daí delineei e planeei toda a minha forma para estar apto para o meu primeiro triatlo Olímpico. Vieram as provas de atletismo, a minha primeira 1/2 maratona (1:40:00), as maratonas de BTT, porque gosto de BTT, a par com as idas diárias à piscina, mais a despesa imensa com a aquisição do material, e neste aspecto veio a necessidade de melhorar a bike de BTT, adquirir a de estrada, mais o fato para nadar quando a água nos franzisse o sobrolho, mais isto e aquilo e... ainda hoje me faltam algumas coisas. Quando dei por ela, tinha a mulher entristecida porque as rotinas tinham mudado muito. Estava treinado, muito preparado, menos para o desabar dos afectos que me faziam falta como o ar que respiro. E como se não bastasse, a lesão no gémeo direito, essa maldita que me obrigou a refrear os impulsos e a parar, dada a sua carência.

Bom, entretanto tudo foi reequilibrado e neste momento aguardo, com a ansiedade controlada, que o tempo necessário faça o seu trabalho, que eu irei fazendo o meu. Um deles foi aderir à blogosfera. Era uma ideia antiga, do tempo em que me ensinaram a criar um sítio na rede. O tempo entretanto foi passando.

Hoje, sou um triatleta viciado neste desporto espectacular. O ambiente é muito saudável, o que também ajuda. A organização tem sido boa. As provas são entusiasmantes. Pareço um puto nos meus quase 49 anos a imaginar-me na prova x e y e a planear as logisticas inerentes às participações, os treinos, a desejar saber mais, a querer ir mais longe, a sonhar, enfim. Dou comigo a desejar fazer os longos e maratonas...????....Desejo apenas que a minha lesão fique totalmente debelada. Não posso deixar de lamentar o tempo decorrido na minha vida sem que me tenha apercebido destas coisas boas que apreendo agora. Não é tarde, à que aproveitar bem. Lamento, mas foi o melhor resumo que consegui fazer.

Um abraço para todos.



Ah! Consegui cortar a relvinha toda.

3 comentários:

sica disse...

A vontade de querer evoluir cada vez mais por vezes tem um efeito contrário pois forçamos um pouco o limite.
O equilibrio é a base do sucesso, força na recuperação.

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Claro que nunca é tarde!

Só para a morte é tarde demais, de resto... estamos sempre a tempo de coisas novas, de descobertas, de vida que nos dê vida!

Um blogue, um espaço "nosso" que partilhamos. Há sempre algo a dizer, a contar, a ensinar e a aprender.

Força!

Maria Sem Frio Nem Casa

Mark V disse...

Fantástico João!
Gostei de ler este post. Continue dado que blogs como este vão ajudar a mais pessoas adiram ao desporto!

E Boa sorte para essa maratona!
Abraço