Triatlo do Ribatejo, Visto à Distância de Uma Lupa.

25/03/10






Nem com melhor propósito se poderia designar a albufeira de Alpiarça como a barragem dos Patudos. Não sei de quem foi a ideia (da Federação certamente não terá sido!), como surgiu a sua designação, mas que dá a bota com a perdigota, lá isso dá. Que outro melhor nome (carinhoso, ao mesmo tempo que humorado) para caracterizar as mais de 350 pessoas, todas elas bem intencionadas, pois claro, nadando, umas, chapinhando, outras (como seria certamente o meu caso) 750 mtrs na água de todas as esperanças? É apenas mais uma de muitas provas que este ano tenho de "ver de longe", com muita mordedela no lábio inferior e dor de cotovelo em ambos os braços, porque esta do Ribatejo teve um sabor especial, porque duplo: o primeiro triatlo do ano e com um sabor internacional, que começa a ser usual nesta época do ano, dado que a Selecção Russa de triatlo aproveita a boa ventura do tempo para estagiar no nosso cantinho à beira-mar plantado, mas porque contou igualmente com a presença dos nuestros hermanos do Aquaslava-Servicom eTriatlón Pacense, e outros em nome individual. Além disso, triatlo rima com duatlo mas, como diz o outro, não é a mesma coisa; triatlo é o desafio, aquele que vale o esforço, a dedicação e praticamente tudo o resto! Como li num comentário no blogue do Sica (penso que foi ...), alguém que experimentou disse que ficou "agarrado". Aconteceu-me o mesmo. 

A prova propriamente teve um vencedor que está empenhado em coleccionar vitórias neste início de época - João Silva! Grande vitória, a provar que está de facto num momento muito forte, seja em duatlo, seja em triatlo, especialmente valorizada não só pela presença dos maiores de Portugal, mas também pelos atletas russos, de grande valia, e ainda pelo 2º lugar alcançado pelo Duarte Marques, um atleta Olímpico, de largo traquejo competitivo. De destacar também as provas de Pedro Palma, em representação dos estreantes e meus vizinhos  "Clube Fluvial Vilacondense", do Ruben Costa e João Serrano, respectivamente em representação do Sporting e Alhandra, no caso do Ruben a transparecer que a lesão que o apoquentou recentemente parece estar debelada. Outro nome forte do triatlo português apareceu, finalmente- José Estrangeiro, a realizar uma prova dentro do nível a que nos habituou na pretérita época. E por falar em Estrangeiro, realço este pormenor: nos 30 primeiros, aparecem 12 Juniores e 7 Sub 23, isto é, 63% de malta novinha em folha. São estes dados que nos permitem sonhar com um muito bom futuro (no mínimo) na modalidade, no sector masculino.
Destaco também a desclassificação de Bruno Pais (Benfica), e igualmente o tempo (não) alcançado pelo João Pereira (Alhandra) no segmento de corrida (o pior dos 30 primeiros), a dar-se a  perceber das razões porque terá estado ausente dos duatlos realizados até ao momento, concerteza alguma mazela o tem importunado quanto baste, porque não é normal um tempo assim  num atleta do gabarito do João.


No sector feminino, enorme demonstração de poder russo, com a defesa da honra da casa, por assim dizer, a cargo de Maria Areosa na luta pelo 5º lugar. Não está fácil a vida do triatlo feminino no cenário internacional. Excluindo a Vanessa Fernandes, e agora por período indeterminado da Anais, não temos ainda capacidade para lutar pelos lugares cimeiros quando nos cruzamos com atletas fora de portas. Muitas razões existem (culturais, mentalidade, educacionais...), até porque não é só nesta modalidade desportiva que, comparativamente, Portugal tem falta de competitividade neste sector. Só há um caminho; trabalhar, trabalhar e trabalhar. Em todo o caso, adivinha-se uma luta interessante na presente  época entre Maria Areosa, Mariana Costa e Bárbara Clemente.


Em V2, grande surpresa, pelo menos para mim, e um nome a fixar: Miguel Fragoso, do Vitória de Janes. Espectáculo! Nunca pensei que, para além do António Horta, alguém pudesse bater o pé ao Carlos Gomes. Enganei-me. Há esse, exacto! Miguel Fragoso. E adivinho muita dificuldade para lhe chegar próximo, já que é bom nos 3 segmentos, ao contrário do Carlos, que encontra na Natação o seu segmento mais fraco. Também quero registar o reaparecimento, finalmente, de Emanuel Marques, da Académica de S. Mamede. E novamente no pódio, donde tem dificuldade em sair. Parabéns, Emanuel!

Por equipas, o domínio habitual do Olímpico, e logo nos dois sectores. Continuam muito à frente. O Praças da Armada andou ali numa luta interessante, na cave da classificação,  com os amigos de Peniche e, porque não dizê-lo, também com a Académica de S. Mamede, mas ficou aquém, desta feita.


Para finalizar,  até porque já são horas, gostei da decisão da Federação em separar as partidas. Foi sensato. Aliás, as partidas em triatlo constituem um verdadeiro problema, que pensava eu só teria acontecido comigo, mas pelo que vou lendo, também bate à porta de muitos outros; os pontapés, braços que batem no sítio errado e à hora errada e na pessoa que está mais à mão, levando a situações aflitivas, porque o são na água. Eu cá já tenho a minha dose.


(já reparam nessa prova interessantíssima que aí vem? Falo do XTerra...deve ser um espectáculo! que nervos!!!)


Até breve e bons treinos.

Nota: As fotos expostas foram retiradas do sítio da Federação de Triatlo de Portugal.


Correcção: Quando me referi ao triatleta João Serrano, por lapso indiquei o clube "Alhandra", quando de facto deveria ter referido S.R. Camarnal. As minhas desculpas.

3 comentários:

sica disse...

João relativamente ao comentário queria fazer uma correcção o Serrano representa o Camarnal, em Relação ao João Pereira no final de Dezembro fracturou o 5 metatarso, esteve com a perna engessada algum tempo e ainda está em recuperação, é normal que nem queira forçar a corrida.
Relativamente ao X-TERRA, confesso que também estou curioso, com uma prova que promete ser diferente de todas as que já se realizaram até ao momento.No entanto já este fim de semana vamos ter competição renhida (penso eu) em Porto Santo, quem vai levar a melhor? Lino, krepe ou Sergio.

João Correia disse...

Muito obrigado, Sica, pela oportunissima chamada de atenção. Sobre as apostas, se o Lino se aguentar na Natação, não sei não.

Vitor Lopes disse...

A Barragem dos Patudos tem esse nome porque toda a área onde a mesma se encontra era a Quinta dos Patudos, que foi adquirida por José Relvas, onde passou a residir, construindo a sua residência e que hoje se chama Casa Museu José Relvas, mas mais conhecida como Casa Museu dos Patudos.
Convido a fazer uma visita, ficará algo impressionado com a quantidade de obras de arte de que o José Relvas era proprietário.