Vista do primeiro terço da subida para a Junceda, terço aqui entendido nos dois sentidos. |
A ideia há muito que congeminava na minha cabeça. Aquela subida da Junceda, com início à esquerda já na saída da bonita Vila do Gerês, estava-me atravessada. O avesso vinha de há dois anos, quando ali passei e onde vivi um dos maiores sacrifícios velocipédicos mas também desportivos. Na altura, em competição na edição do Póvoa/ Gerês, com passagem precisamente por essa subida, longa, de 10 kms, esgotei tudo o que de fácil a bicicleta tinha para me oferecer. Apesar da penosa subida, consegui e apenas esse pormenor levou-me desde então a lá voltar e olhar novamente para ela e dizer-lhe qualquer do género "hoje mando eu!"
Esta tirada era para ter sido no passado domingo. Só que um convite do vizinho à última da hora para um treino mais ou menos longo para essa manhã levou-me a optar pelo treino em...convívio. Bem vistas as coisas, raramente tenho oportunidade de treinar com gente, humanos, e então pareceu-me que seria um momento a não desperdiçar. E assim foi, só que a tirada para o Gerês tinha de ficar para outros ares. Foi hoje.
Panorâmica possível de um trecho da subida da Junceda |
A tirada é fantástica. São quase 170 kms (faltaram 2,2kms) entre Esposende e Gerês, com passagem por Terras de Bouro, e saída para a Junceda logo a seguir à Vila que dá nome a belíssima Serra, como já afirmei., ao longo de 6 horas e 17', como foi o caso de hoje. É uma etapa de grau de dificuldade elevado, porque é claramente de montanha. Apresenta duas subidas realmente durinhas. A primeira a seguir a Terras de Bouro, onde a estrada inclina, inclina inclina...A segunda, a famosa subida até ao cruzamento que dá acesso à Junceda, nesta altura já em fase descendente. Desta feita senti-me bem melhor e nem cheguei a utilizar o 3º prato que mantenho na transmissão, não vá o "diabo tecê-las". Mas, não! É evidente que hoje por hoje estou mais capaz, mais forte, mais resistente. A dificuldade na subida diminuiu, mas isso não faz da mesma uma tarefa fácil de ultrapassar. Quero dizer que para quem treine regularmente não deixará de a subir. Para quem não o faça, o melhor é levar uma tenda. E é um desafio interessante, especialmente para quem deseje treinar ciclismo em montanha. Um dos aspectos gratificantes da subida é a paisagem fabulosa que se vai desenhando ao longo da escalada. Mas, atenção! Mais importante que afinar a bicla para subir é afinar os travões para descer porque esta tirada é uma autêntica homóloga de uma dessas etapas de montanha de uma qualquer volta de renome. Aquilo é mesmo vertiginoso quando toca a descer e se a estreita estrada é ladeada por monte dum dos lados, do outro é precipício. Todo o cuidado é pouco. Hoje arrisquei muito menos que no tal dia de há dois anos, mas a sensação que fica é a mesma. O lamentável no que à natureza diz respeito é que da primeira vez que aqui passei, havia árvores que nos ofereciam sombras e cores de deleite. Agora, as encostas queimadas tiraram-lhe esse brilho e com ele parte do que nos une à natureza. Triste, muito triste. Apesar disso, a paisagem lá está, magnânime, na sua altivez.
Final da subida |
Um dado curioso do meu treino amalucado de hoje é que durante todo o trajecto dos tais cento e muitos kms apenas me cruzei com dois companheiros, que nem me viram, ali logo pela manhã (a saída deu-se às 10h30'), iam eles a caminho de Braga. E mais nada.
As maiores dificuldades, para além das subidas, claro, foram o vento logo no início porque soprava de este. Mas especialmente o ar seco que se tem feito sentir desde que chegou esta vaga quente. É impressionante como a boca nos seca com tamanha facilidade quando assim é.
Mas a maior dificuldade de todas iniciou-se quando, já no regresso, ambas as plantas dos pés me começaram a doer, especialmente a esquerda, a tal da maratona. Isto quer dizer tão simplesmente que o problema está longe de estar resolvido. Como já tenho poucos do género...
A nutrição funcionou na perfeição ou quase: duas garrafas de água, uma com a solução hidratante e outra com preparo de isostar, que eu muito aprecio, enriquecido em electrólitos e sais minerais, entre outros. Duas maçãs e uma porção de chocolate, que por pouco não se colou ao corpo. A estratégia passou por ingerir (água) pequenas porções de 15' em 15' após a primeira ingestão à meia-hora, e alternar entre os dois boiões. A primeira maçã ingerida ao cabo de duas horas de percurso, precisamente em Terras de Bouro, algum tempo antes da abordagem à primeira montanha. A segunda novamente em Terras de Bouro, a duas horas do fim desta etapa. A barra de chocolate foi sendo gerida aos poucos ao longo das seis horas de treino. Claro que foi necessário reabastecer os boiões, o que sucedeu por duas vezes em dois fontanários cuja água fresca foi uma dádiva da natureza.
Nativos do Gerês |
No final, 64% da capacidade máxima, pulsação média de 127 bpm e máxima de 163 bpm. O facto de me ter sentido bem ao longo de todo o trajecto, apesar da dificuldade maior ter sido claramente os problemas com os pés, a verdade é que o lactato acumulado já fez sentir os seus efetios no meu organismo e a estas horas há sinais de ter havido empeno.
Ontem procurei correr e consegui, durante 7'!! Vou procurar solução para estas contracturas sistemáticas que me assolam com inusitada frequência.
Companheiros, espero encontrar-vos um destes dias por aí, numa dessas provas agendadas...será? Claro que sim. Abraços triatléticos.
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