Campeonato Europeu de Triatlo Longo, Vitória: O Dia Seguinte.

27/06/10




O Campeonato Europeu de Triatlo Longo de Vitória, disputado no passado dia 26 na região autonómica  do País Basco, trouxe à liça algumas questões interessantes que reflectem algumas realidades que por cá também se vão verificando. Mas lá iremos. Antes, importa por questões de mera justiça, destacar a participação portuguesa no evento: em Elites, o 5ºL de Pedro Gomes, grande resultado; o 1º L de Rodrigo Baltazar, extraordinário, no escalão 30-34 anos; o 3ºL de David Caldeirão, igualmente uma façanha espectacular (razão tinha ele para se auto-denominar "monstro" esta semana que antecedeu a prova), como comprova o seu 3ºL no escalão 35-39 anos; ainda o formidável 3ºL de Susana Simões, no escalão homólogo feminino. Destaque não menos meritório para os restantes participantes lusos, numa prova que apelou a uma capacidade de resistência quase ilimitada: nadar à volta de uma hora, no mínimo, pedalar cerca de 3/4 hrs, média, e correr mais 3 hras, apontando assim no todo para cerca de 7/8 ou 9 hrs, e acabar em situação anómala, debaixo de um grande esforço, subtraindo toda a energia que o corpo pode fornecer, enquanto puder ... é obra! Pena foi a desqualificação de Miguel Fragoso, porque acredito que teria sido mais um lugar perto do céu, senão mesmo por lá, porque avaliando os parciais tinha lugar no pódio ali numa disputa até ao derradeiro segundo. Será que não conseguiu sair da água sem estar molhado?

Bom, olhando para as diferentes classificações e considerando também que estamos perante uma prova invulgar de resistência aeróbica, o que significa ter de se acondicionar o organismo às exigências de um esforço que permita suportar um rendimento fisiológico, psíquico para além das 7, 8 horas ,  porque não há milagres, verificamos que a participação feminina foi bastante menor em comparação com a masculina. Escalões houve em que não houve  mais de meia dúzia de participantes. Em geral, e apesar de termos conseguido 9 participantes, ficamos muito aquém dos países fortes na modalidade, como a própria Espanha, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Dinamarca, República Checa, Rússia, Itália ...Por outro lado, e sendo também uma realidade que também se verifica cá, e não há coincidências, os grupos etários que privilegiam o triatlo longo são os menos novos. Outro aspecto interessante e demonstrativo da cultura desportiva de um país, é o facto da Grã-Bretanha apresentar um largo número de participantes e em praticamente todos os escalões. Depois, há algumas curiosidades giras. Por exemplo, no escalão 25-29 anos todos os participantes são origem espanhola e britânica; no escalão 45-49 anos feminino, participaram 6 atletas, 5 GBR e 1 ESP, e quem venceu? precisamente a única representante que fala o castelhano como língua mãe. 

E foi assim, acredito que uma jornada inesquecível, a ficar gravada para sempre na memória de quem teve a ousadia de participar neste evento.

Para o ano, quem se atreve?


Boa Sorte!

25/06/10



Este fim de semana prepara-se para proporcionar a alguns indefectíveis amantes da modalidade um momento único no seu plano de programação. Falo do Campeonato da Europa de Triatlo Longo, em Vitória, País Basco, Espanha. As distâncias nos diferentes segmentos são de respeito (4km natação + 120km ciclismo + 30km corrida), ali a rondar o Ironman. A participação tem apenas uma condição: estar bem preparado, muito bem preparado. 
Segundo a Federação Portuguesa da modalidade, irão participar em nossa representação dois nomes grandes no escalão de Elites, Pedro Gomes e Sérgio Marques, e outros nove grandes atletas em Age-Groups, todos eles preparados para testar as suas capacidades junto de outros europeus. Terão sido muitas horas de treino, muito planeamento, muita logística.
Por isso, é importante que depois de tanta dedicação na preparação deste momento que a sorte não vire as costas ou pelo menos se mantenha imparcial no jogo do destino.

A todos vós desejo Boa Sorte! e Boa Prova.


Deixo-vos o vídeo de promoção (para apreciarem melhor, façam o favor de parar a música do próprio blogue)


Clássica Ciclismo Póvoa de Varzim/Terras de Bouro

22/06/10




terrasdobouro.jpg

A insónia dá para estas coisas; após ter caído duro que nem uma pedra no conforto do meu sofá, depois da janta, acordei quando deveria ir para a cama e ... vamos lá escrever a minha odisseia do passado Domingo. 
Resolvi incluir na minha preparação esta prova de ciclismo, organizada assim-assim pela Bikeservice, uma empresa do Manuel Zeferino, sediada na Póvoa de Varzim. "Já que não triatlas, não corres, só nadas e pedalas, ao menos fazes as provas que te são possíveis" o pensamento é este, até que...
O cartaz era atraente, com umas ofertas à mistura, mais almoço e por aí fora, tudo por 20 aérios. Bom, adiante. O percurso divulgado era igualmente atraente, partindo da Póvoa, passando por Barcelos, Prado (zona do sobe e desce), Amares, Gerês e...subida da Junceda, que para mim era algo que me confundia. Será que a Junceda é subida ao cume do Gerês, ou será aquela que nos leva a passar por S. Bento de Porta Aberta? Hmmm.   No plano da etapa falava em andamentos aconselháveis para a incógnita subida. A coisa parecia estranha. Adiante. Chegada a  Terras de Bouro, terra agradável, sulcada nas imediações da montanha. 
Até Amares seria em ritmo de passeio, e foi, com velocidades na ordem dos 28, por vezes 36, outras 25, enfim. De acordo com o previsto e com o pelotão unido, a fazer vibrar quem assistia à passagem do alvoroço provocado pelas motos da polícia e do próprio pelotão, todo equipado com o jersey da clássica, verdinho, de acordo com a côr que projecta o bonito Parque Natural da Peneda/Gerês para o mundo. Ouvia-se muitas palmas, a fazer lembrar que o ciclismo é uma modalidade muito, mas muito mesmo, popular no Norte. É inquestionável. Nos preparos que antecedem uma partida, vislumbrei uma cara conhecida: Venceslau Fernandes. Isso. No final, deu para trocar umas palavras, em grupo de convivas, com ele sobre o momento da Vanessa. Não vou divulgar, nem comentar. Ainda assim, ficam com uma ideia: a Vanessa já era. O futuro dirá se estarei ou não certo. Cá hei-de vir sobre isso falar quando oportuno for.
Mas, ainda sobre caras conhecidas, também outra antiga glória do ciclismo participou, o próprio Manuel Zeferino, que hoje em dia se dispersa entre o ciclismo e o btt. Mais outra, Joaquim Andrade. E ainda outra cara, esta famosa e nova, o João Cabreira.
A prova começou com algum atraso, mas com muita gente a participar, à volta dos 300 ciclistas. Muitas máquinas de fazer inveja à minha Mérida, que diga-se de passagem, se portou muito bem. Assim o montador estivesse mais à altura da montada. Já referi; até Amares foi em ritmo tranquilo, com muita conversa no pelotão, as graçolas do costume, umas puxadas aqui, travões logo a seguir, e os ganhos de experiência em circular em pelotão, muito importante. A seguir a Amares é que a porca torceu o rabo. 
O grupo que comandava o pelotão nem olhou para trás. Não era para olhar, quem tivesse pernas acompanhava, quem não tivesse que fosse lá ter. Eu consegui andar na cauda do pelotão da frente ainda algum tempo, talvez 15'/20'. Não sei bem. O que sei é que num repente o aparelhozinho começou a acusar 40km/hra. O trajecto até à Vila do Gerês, para além de sinuoso, é tipo carrossel, com inclinações suficientes para me fazerem perder o pelotão, que procurei retardar o mais que pude, mas era inevitável, Para mim e muitos outros. Foram-se formando grupos, que ora se juntavam, ora se separavam, dependendo sempre das tais inclinações. Por estas alturas lembrei-me das velhas glórias e pensei como ainda hoje têm uma pedalada impressionante, o suficiente para andamentos lá bem na frente. Num ápice, viramos para a Vila do Gerês, e dou comigo a pensar: "está quase a chegar o sofrimento". Claro que neste momento os andamentos eram mais leves. Tive no início uma breca. Alguém que vinha vindo comigo, ora à frente, ora atrás, me disse: "Conhece a subida da Junceda?" Respondi: "Sim, já a desci de carro." Ele, "Ainda bem". Fiquei intrigado, mais intrigado. Não estaria  a fazer uma grande confusão nesta minha tola? Talvez. E lá começamos a subir até à Vila. Aqui meti um andamento confortável e estive bem, ganhando posições, a respirar bem e passando pelo tal indivíduo que afinal estava sem razão se desconfiado da minha incapacidade em o acompanhar. Nunca mais o vi. A dada altura, houve um abastecimento de água e por detrás dos óculos de sol, vislumbrei, por entre as mãos que seguravam as garrafas de água, algumas que exibiam bidões. Com eram vários, fiquei com a ideia que seriam oferta ou coisa assim. Vai daí arranquei um. Arranquei porque eles estava bem seguro, na exacta proporção da dúvida de quem o segurava. Não cheguei a precisar dele e no final fiquei certo de que não me era intencionalmente destinado. Não foi por mal, mas ainda me fez rir esta cena. O pior é que um reles bidão é capaz de fazer estragos no corpo. Lá irei.
Bem, passada a Vila, torno à esquerda, de acordo com as indicações do percurso e do trajecto dos que me antecipavam. E aí começou o cabo dos trabalhos. Depressa fiquei com a certeza que não conhecia a puta da subida da Junceda. Filha da mãe. Que desgaste! Foi terrível. A páginas tantas, meti o andamento mais leve que tinha. Ainda assim, as pernas doíam. Um ou outro descansava na beira da estrada. Monte acima, lá ía passando um, outro passava por mim, mas a subida essa nunca mais acabava. A paisagem era deslumbrante. Magnifica mesmo, cada vez mais a ficar lá em baixo, muito lá em baixo. E eu a entender porque razão no plano da etapa se falava em andamentos aconselháveis. E porque é que o outro me perguntava se conhecia a subida da Junceda. E o bidão indevidamente recolhido a fazer estragos nas costas do lado direito. Pois é, como é que uma treta dum peso ligeiramente a mais pode ser tão incomodativo no corpo? E a subida continuava. Por vezes parecia que a coisa ia aliviar, o que me levava a meter um andamento menos leve, mas logo a seguir aí vem outra curva e mais pedras nos quadricípedes. Subir levantado aliviava, mas não dava para manter muito tempo. E as subidas sucediam-se, ora inclinado menos, ora inclinando mais. Pensei nos gajos dos tours. Deve ser realmente muito duro ser ciclista. Dei comigo a comparar provações de dureza física a que me tinha sujeitado, até ao momento. E esta estava a ganhar. Mais um abastecimento, mesmo no último cume da Junceda, e toca a descer. Muito perigosa quando feita em velocidade. Pela estreita estrada que era, pelo tipo de piso, alcatrão irregular, e pelos abismos que ladeavam a estrada. De modo que foi descer, sim, rápido, mas com cautelas, em solidão total. E desceu-se até voltar a subir. Cum caraças! As pernas não gostam nada disto. Voltar a subir? Dava jeito ter umas pernas de substituição. Como os pneus; trocava-se e pronto, sempre a andar. Mas, não. Tinham de ser aquelas mesmo. A páginas tantas, lá aparece um companheiro de aventura, vejo-o atrás, enquanto espreito, vejo-o à frente, passado pouco tempo. Não o consigo acompanhar, volta-se a subir e volto a empenar. Mais uma descida, comprida e alta velocidade. Aqui sim, decidi arriscar. Estava confiante, a estrada era boa, as bermas seguras pelas árvores, nada de ribanceiras. Alcanço dois companheiros. Passo a abrir, vou lançado, para "parar" logo a seguir. Nova subida e é a vez deles. Já estamos perto, eu , os que vão um pouco à minha frente, e os que vêm um pouco atrás. Alta velocidade até Terras de Bouro, com trânsito pelo meio, acima dos 50km/hra. Nunca pensei ainda ter forças para pedalar com tanta facilidade, ainda que a descer ou em plano. O problema era mesmo quando a coisa inclinava. Alcanço mais um ou outro, outros me alcançam a mim, mas fica difícil formar grupo. Terras de Bouro, e má sinalização, para mim e para outro que vinha logo atrás. Vejo gente que chegou antes de mim, vejo o insuflável da chegada, ouço o speaker da chegada, mas não vejo setas. Ah! Vejo uma mas fico na dúvida Pergunto onde é a meta. Dizem-me que é lá em cima. Subo na direcção em que supostamente seria a chegada, íngreme, mas não é por aí. Chegámos à conclusão que os mandávamos a todos para a outra banda e passamos uma vedação e entramos na recta da meta. Aí está, chegámos. 
Referi isso à organização, ao Zeferino. Estão convencidos que tudo estaria bem sinalizado. Eu e o outro e mais muitos outros não estamos.
No final, a opinião era unânime: esta clássica terá sido mais difícil que a sua homónima Póvoa/Srª da Graça. Eu fiquei satisfeito, porque esta última assustava-me um pouco. Já não assusta mais. Mas fiquei também satisfeito comigo por ter feito todo o plano da prova (esses metros finais para a meta eram canja), ao contrário do que fui ouvindo, que houve gente que virou por S. Bento de Porta Aberta (são menos 20kms), gente que na entrada no Gerês arrumou a bike no carro de outro e foi à boleia e gente que estes olhos viram apanharam boleia de carro, segurados nas laterais, serra acima. 
Missão cumprida, belo treino, muito duro e segunda prova velocipedista da minha carreira. Quase 117 km, 4h16'. Média total a pisar os 28km/hra, que atendendo ao tempo que demorou a subida, não foi mau de todo e a consciência que ainda há muito que "pedalar", mas, para quem pesava 96 kgs à dois anos e meio...

Abraços triatléticos.


Triatlo de Vila Viçosa: Previsão do Tempo e Start List

19/06/10



Eu bem que gostava de vos deixar a previsão do tempo para Vila Viçosa ela mesmo, mas a localidade mais próxima que consegui foi Estremoz. Talvez seja parecido, talvez não. Seja como for, a previsão é boa para quem deseja fazer uma prova como a planeada para a bela Vila alentejana.


(Fonte: msn meteorologia)

(Fonte: FTP)



Votos de boa prova e façam o favor de virem dizer que se divertiram muito, para eu ficar cheio de inveja.


O Triatlo de Oeiras Sob Números.



Sobre o triatlo do Ambiente, disputado na cidade de Oeiras, resolvi deixar-vos alguns números que julgo serem interessantes de observar. O triatlo é uma modalidade que tem vindo a crescer muito nos últimos três/quatro anos, acima de tudo desde que a Vanessa Fernandes lhe deu o empurrão mediático que as suas vitórias, enormes vitórias, começaram a interessar a curiosidade do povo, em geral, acompanhado pela visualização nos média das competições internacionais. Muitos foram aqueles que desejaram experimentar as sensações desafiantes que transpareceram dos triatletas em compita, projectadas pela caixinha mágica. Hoje, o triatlo não só está ao alcance do mais ordinário dos mortais, como pode levar a fazer crescer a vontade de ir mais longe no desafio. Assim haja tempo e também dinheiro.
No plano do desenvolvimento de cada modalidade desportiva, a distribuição dos atletas que se pretende é normalmente em forma piramidal, sendo que na sua base se concentram os atletas da formação, em grande número, e no topo os atletas de elite. No triatlo, como noutras modalidades de expansão recente, mas também no atletismo popular, constata-se que o crescimento mais significativo se verifica precisamente nos escalões cujas idades eram mais próprias, no passado, para se estar sentadinho no sofá, de pantufas, a ver tv. Evolução dos tempos e que eu aplaudo, porque hoje por hoje é-se mais activo até mais tarde, e assim se continuará a verificar. 
Estes foram alguns números que o triatlo de Oeiras deu a entender, mas penso que a mesma tendência se verifica nas outras provas já realizadas. Um dia talvez faça essa análise.

Bons treinos.


2009 -
Total de Atletas Participantes que concluíram a prova: 286
Total de Atletas Masculinos que concluíram a prova por escalão:
Total em Júnior: 39
Total em Sub23: 12
Total em Séniores: 119
Total em V1: 29
Total em V2: 24
Total em V3: 12
Total em V4: 7
Total em V5: 4 

2010 -

Total de Atletas Participantes que concluíram a prova: 341
Total de Atletas Femininos participantes que concluíram a prova: 39
Total de Atletas Masculinos que concluíram a prova por escalão:
Total em Júnior: 38
Total em Sub23: 18
Total em Séniores: 128
Total em V1: 50
Total em V2: 32
Total em V3: 20
Total em V4: 11
Total em V5: 2


Saramago ....Um Triatleta da Palavra!

18/06/10



Saramago morreu! Do alto dos seus oitenta e sete anos, deixa-nos um legado de literatura extraordinário, um pensamento vivo e vigilante, cáustico muitas vezes, numa visão, a sua, do mundo e especialmente do nosso País, nem sempre acolhida com a distância que o seu olhar crítico exigia, gostasse-se ou não.


Tive o prazer de ler alguns, ainda assim poucos, muito poucos, dos seus escritos: Memorial do Convento, extraordinário, duro como o triatlo de Penacova, porque nos leva a sermos teimosos na leitura até ao fim, mas de um brilhante retrato histórico, e ainda por cima bem humorado (fez-me rir  várias vezes enquanto o lia), como aliás, é costume nas paginas escritas pela sua mão; Ensaio Sobre a Cegueira, uma ficção bem esgalhada e satirizada da nossa vivência hodierna; Viagem do Elefante, por acabar...


Há sempre a tendência para se considerar que quando homenageamos alguém de forma especial, que o resto é paisagem. Felizmente há imensos escritores brilhantes, em Portugal. Uns melhores que outros. Mas há. Saramago é um expoente máximo. Há mais um ou outro, mas Saramago é-o. E a prová-lo, para além do património literário que nos delega, a nós portugueses, e ao mundo em geral, nos últimos anos da sua longa vida, Saramago continuou vivaz, acutilante, sagaz, como se o seu raciocínio fosse independente do envelhecimento notório do seu corpo. Olhando-o, era como se por dentro daquela carcaça de gente vivesse um espírito indomável: de liberdade, de clarividência, de irreverência.


É óbvio que Saramago foi polémico, é óbvio que nem sempre acertou, mas caramba! pensou, ousou, incomodou, fez-se à vida, não esperou por ela, atirou-se de alma e coração a ser ele próprio, para quem o quisesse ouvir. Não se resguardou, não jogou à defesa. Teria sido um grande seleccionador em qualquer jogo. Por isso, saiu por cima, pela porta grande. E vai incomodar muita gente para onde vai, porque o seu espírito desabrido não irá deixar ninguém descansar no poleiro de uma qualquer cadeira almofadada.


Acredito que Saramago terá sido um triatleta da palavra!


Bato-te palmas, escritor!!


Treinar? Sempre, mas...Lazer em Competição ou Competição Pura?

12/06/10



   
Encontro-me em Tábua, onde regularmente venho, agora um pouco menos, realizar treinos de roçadora, moto-enxada e com outros artefactos agrícolas, entre os treinos ditos normais( Pergunta: também contam, esses treinos??).
É muito gratificante percorrer as estradas circundantes da Vila, sede de Concelho, porque é um desafio às minhas capacidades. Longe dos planos da orla costeira de Esposende, que também tem declives acentuados, se os quisermos percorrer, Tábua e as suas estradas (já nem falo nos trilhos de BTT porque esses infelizmente não conheço ou conheço mal, muito mal) não tem opções: sobe-se e desce-se, sobe-se e desce-se. Aliás, a saída da Vila é sempre a "abrir", não pela velocidade da cadência, mas pela inclinação da estrada, vire-me para onde me virar, com a pulsação a entrar em ritmo acelerado, o que não é bom. Mas, é seguramente um lugar para estágio fantástico. Os treinos de natação também podem ser organizados entre a barragem da Aguieira e a piscina municipal, fraquinha mas desenrasca. Aliás, Tábua daria um triatlo muito interessante, com natação na Srª da Ribeira, um dos braços da citada barragem, e um curso de ciclismo até Tábua que seria terrífico na fase inicial, porque tem uma subida, não demasiado longa, mas suficientemente inclinada para fazer saltar os olhos e soltar a língua até...ao boião da água. Mas, faz-se e se digo que se faz é porque já efectuei alguns treinos com transições e ainda cá ando. A corrida também é possível, porque é possível em qualquer lugar, assim os "gémeos uni-vitelinos" não me moam a paciência. Aliás, Tábua é uma das localidades que escolho para realizar uma das minhas corridas S.Silvestre para preparação da minha época: têm sido 10kms puxadinhos, também com subidas e descidas. A outra é a S.Silvestre de Coimbra, sempre em representação do CLUVE, da mesma bonita e encantadora cidade, por quem tenho enorme apreço pela forma genuína como estão no desporto. E é este assunto que me traz aqui para convosco partilhar algumas dúvidas que se cruzam na minha mente e acredito também na vossa, enquanto percorro os montes e vales entre Góis e Arganil, ou entre Côja e Avô, ou ainda entre Góis e quase, quase Pedrógão Grande (um dia destes faço "uma directa" Tábua/Pedrógão/Tábua).
Vamos ao assunto!
Dou por mim várias vezes a questionar-me das razões que justificam tanta corrida atrás duma oxidação constante, que nos traz benefícios para a saúde no mínimo dúbios. A questão é esta, sendo que o axioma (pratica desportiva? claro que sim! Inequívoco) que a precede está de pedra e cal no silogismo que vos proponho: será que aquela prática desportiva deve perseguir objectivos competitivos tais, que nos levem aos limites das nossas capacidades fisiológicas, psicológicas e físicas, por um lado, e a arriscar comportamentos sociais isolados ou familiarmente pouco conciliáveis, por um lado, ou familiarmente egoístas, pelo outro? Ou antes, projectar no nosso horizonte a satisfação daquela necessidade de uma forma mais prazenteira, económica em termos de gastos de tempo que lhe são dedicados, e usufruir da mesma sem os riscos decorrentes do exagero? A questão é demasiado complexa, porque aborda uma temática que não se encerra na mera conjectura pessoal, antes carece de um estudo que seria muito interessante em várias áreas do conhecimento, logo à partida na área da sociologia dos comportamentos sociais, da qual para mim resultaria uma questão imediata: o que leva milhares de pessoas, nos mais variados desportos, a desejarem alcançar ou testar os seus limites. Numa via; e a despender tanto dinheiro para a satisfação desse hobbie, noutra via. 
No treino que realizei na agradável companhia do Pedro Brandão, e que aqui dei conta na altura oportuna, a páginas tantas disse-lhe que o dinheiro que já gastei na minha preparação para a modalidade, tanto a nível material, como físico, e até ao nível da recuperação na mesma área, daria sobejamente para usufruir de vários fins de semana no Norte de Portugal, ou noutro azimute qualquer, ou na Galiza, dada a proximidade e beleza da mesma. E sem desleixo ou descuro da realização do objectivo prioritário; desenvolver a prática desportiva enquanto hábito saudável de vida. E aquela afirmação deixou-me a pensar nos objectivos prioritários na nossa vida. Factos que importa esclarecer desde já: o nosso hobbie é caro. Não é qualquer um que pode pôr de parte, do seu orçamento mensal, uma verba para, e já não vou referir mais nada, mas que se afigura impossível o nada, deslocações; o nosso hobbie é egoísta. Do ponto de vista familiar obriga a que toda a família ou venha connosco ou fique em casa aos fins de semana, já sem referir as longas horas de ciclismo que temos de realizar, longe da família, longe de outros prazeres que a vida também esconde. Por outro lado, obriga a um planeamento das férias de acordo com as nossas necessidades. Eu vejo-me sempre a pensar, quando se decide o que fazer nas férias, se há "água", que troços de estrada, que vias para correr. O nosso hobbie obriga-nos a um esforço suplementar na gestão e organização da nossa vida. Que tem um aspecto muito atraente, que será isso mesmo, aprendermos a gerir  melhor a nossa vida e os seus timings. Mas, retira-nos algum do prazer subjacente à vida social e que também importa considerar pela forma como também nos enriquece: cinema, teatro, espectáculos, leitura, convívio/partilha com os amigos, etc. 
Alguém escrevia, e recordo-me quem foi mas não vou referir nomes, não é relevante para o caso, que com menos esforço dava para realizar uns sprints e que já dava para alimentar a alma. Mas, caramba, o Desafio é mesmo o inalcançável, o que outros já fazem há muito e que também gostaríamos de fazer ou tentar fazer. E mais tarde ou mais cedo conseguimos, ficamos realizados. E os outros? Os que partilham o dia-a-dia connosco sentirão o sabor dessa vitória? Sentirão o prazer do mesmo modo que nós? Ou estarão conformados a rotinas que sem se darem conta lhes fomos impondo, ou foram aceitando conformados? ou eventualmente a troco da coesão familiar? 
Como dizia atrás, a vida tem múltiplos e diversos aspectos que a justificam. Gostar de viver passa, para mim, por procurar satisfazer esse equilíbrio, manter esse balanço entre o dever e o prazer, porque há momentos  em que os dois são inconciliáveis.
Continuo empenhado em alcançar o meu objectivo no triatlo, embora não dependa apenas de mim. Esse objectivo faz-me falta, sinto dificuldade em abrir mão dele, porque entrou na minha vida quase como uma necessidade de sobrevivência. Quase. Porém, pretendo que esteja em equilíbrio com todos os outros aspectos que me rodeiam, sendo que alguns na realidade são de facto a essência da minha felicidade enquanto Pessoa. Precisamente porque evito deixar-me alienar, recusei estar ligado a uma actividade que neste momento concentra e aliena muitos milhões em todo o mundo e que a mim, em muitas formas da sua expressão, me enoja nos tempos correntes.

Bom fim de semana e ... cuidados para amanhã na partida!


Nota: Há pouco tempo critiquei a nossa Federação por efectuar alterações ao calendário competitivo inicial de provas sem o devido anúncio. Hoje verifico que foram devidamente anunciadas alterações ao  citado calendário, facto que merece a minha referência, pela justiça que lhe é devida. Aqui fica a nota.


Oeiras, Triatlo do Ambiente: Start List, Previsão do tempo e do Estado do Mar!

11/06/10



Apesar da chuva ser previsível até Sábado, tudo aponta, segundo os entendidos, que o tempo irá aliviar para Domingo, à hora da(s) prova(s), aquela cuja edição no ano passado me proporcionou os melhores parciais alguma vez por mim alcançados na natação (15') e ciclismo (34'). A corrida, já na altura me estava vedada. O Triatlo do Ambiente é uma prova rápida e muito excitante. Voltando, não é de todo certo que não chova em alguns períodos da manhã. O vento que soprará de Oeste, irá ser chatinho. Deixo-vos a ligação para consulta:

(Fonte: Accuweather.com)

O estado do mar parece apresentar ondulação, a maré encontrar-se-á na fase baixa-mar, e a temperatura da água andará por volta dos 18 grauzinhos.

(Fonte: WindGuru.cz)

(Fonte: meteo.pt)

Os que se prevêem estar presentes são muitos: cerca de 400 na prova da Taça. Uma partida com tanta gente dá muita confusão. Não estará na altura de proceder a partidas separadas? Deixo-vos a lista dos inscritos.

(Fonte: FTP)

No ano transacto diverti-me imenso. Espero que este ano também se divirtam.
Boa prova!



Triatlo de Peniche; Antes Tarde Que Nunca!

09/06/10



Talvez venha tarde, mas ainda assim apetece-me comentar algumas das incidências que se constatam da "leitura" dos resultados desta prova de Peniche, que valia os títulos Nacionais de Grupos de Idade, entre outras coisas.

E começo precisamente por considerar injusto que a atribuição de um título de Campeão Nacional esteja circunscrita a uma e única prova. Concordo em absoluto com o "dever" de homenagem a que a Federação "está" obrigada, digamos assim, para todos aqueles que nas suas terras, muito fizeram pela implantação do desporto na região e no País, em geral, tendo com essa teimosa persistência levado outros a seguirem-lhes os passos: Peniche esteve na vanguarda e foi candeia para muitas outras experiências na modalidade, certamente. E esse tal "dever" de homenagem pode passar pela atribuição de troféus especiais ou com outras elevadas honrarias que vinculem os Municípios à história do próprio triatlo no panorama Nacional. O que não me parece adequado é que as lesões, contrariedades incontornáveis, deveres diversos, um dia menos bom ou mesmo mau, possam sujeitar e condicionar a candidatura de qualquer atleta a um título com as características absolutas como os que estavam em causa tinham. Mas mais, seria de toda a justiça que, a exemplo do que acontece com a atribuição do título de Campeão Nacional de Triatlo, fossem seleccionadas um grupo de provas, no mínimo, que classificassem para o apuramento destes campeões. Aliás, não foi por acaso que a própria ITU alterou a fórmula de apuramento dos Campeões Mundiais da modalidade, e penso que concordamos todos que é muito mais justo os critérios agora adoptados. Mas, façam-me o favor de dizer de vossa justiça o que pensam sobre o assunto.

Sobre a prova propriamente dita, nem sei por onde começar: se pelo somatório dos títulos alcançados se pensar nos clubes representativos; se pelos duelos dos primeiros; se pelos duelos travados no escalão V2, que foi de pôr os cabelos em pé; se os duelos travados também no escalão V3...enfim. Tenho de começar numa ponta, para ver se acabo noutra, procurando não ser maçador, podendo ao mesmo tempo ser exaustivo.
Os vencedores - fui atraiçoado pela lista de inscritos fornecida pela Federação, porque na Sexta-feira passada lancei uma sondagem, cuja adesão foi muito fraquinha, fraquinha, e onde lançava como possível vencedor Vasco Pessoa. Não me desiludiu. Mas, eu não sabia que iriam estar presentes algumas figuras de destaque do triatlo nacional, e se soubesse que o Hugo Ventura e o João Serrano, ou João Amorim iriam dizer que sim ao sinal de partida da prova, eu já não teria tanta certeza sobre quem venceria. E a prova aí está, com todos estes nomes nos lugares cimeiros. Parabéns ao jovem João Amorim, do Alhandra, cuja vitória é um estimulo forte para continuar a trabalhar, quem sabe, a participar já nos Olímpicos de Londres. E novamente o destaque para a mesma juventude a dominar os lugares mais perto do céu: o primeiro sénior aparece no 15ºL (Rui Dolores, Amiciclo). No feminino, sem grande surpresa, endereço os parabéns a Mariana Costa, do CT Fundão, também uma jovem a impor-se a outras jovens e menos jovens. Grande Mariana!

E embora esta não fosse uma competição em que os interesses clubisticos estivessem em primeiro plano, o certo é que o Louletano esteve em destaque (em masculinos) ao ver projectado o seu nome por três individualidades que   alcançaram três titulos Nacionais: Nuno Neves (30-34 anos), com um excelente 17ºL absoluto, David Caldeirão (35-39 anos), com outro excelente 20ºL geral e revalidando o título do ano passado, o que por si é outro grande feito (mais um ano e sempre em cima, é obra), e Carlos Cabrita (55-59 anos), que na sua belíssima idade se sagra Campeão Nacional do escalão. Mas, não só o Louletano está de parabéns. Também o Molly Maid/Vitória de Janes conseguiu a proeza de garantir dois títulos individuais: Miguel Fragoso (45-49 anos) e Carlos Brito (50-54 anos). Em femininos, destaco o CT Fundão, que viu duas atletas suas sagrarem-se Campeãs Nacionais de Grupos de Idade: a já citada Mariana Costa, vencedora em 18-19 anos e Ana Filipa Santos, vencedora em 25-29 anos.

Mas, a minha maior excitação verificou-se quando constatei que no escalão V2 se travou uma luta de mestres entre Miguel Fragoso (Molly Maid), que esteve excelente, António Horta (Praças da Armada) e Emanuel Marques ( Académica S. Mamede). E ainda ficou de fora Carlos Gomes (Oeiras SC), para grande surpresa minha, que no entanto realizou um segmento de corrida em grande nível. Mas a natação... Aliás, parece-me que o Carlos não se dá muito bem com os ares de Peniche, já que também no ano transacto teve dificuldades em contrariar o favoritismo dos outros seus rivais. Voltando, e olhando para os parciais nos três segmentos, deve ter sido de facto de arromba a luta pelo título. Houve concerteza alguma alternância no comando da prova e as distâncias entre os dois primeiros não terá ascendido a muito mais de 100 metros. Fantástico. E uma palavra de conforto para o Horta, António, que na sua primeira prova da época surge em claro destaque, a complicar a vida ao Miguel como ainda ninguém o tinha feito este ano. Pena que não participe mais amiúde nas provas da Federação. Também uma palavra para o Emanuel que depois de algumas provas menos conseguidas, surge em grande forma precisamente na prova rainha das competições por escalões. Foi dos escalões em que os lugares do pódio estiveram em maior dúvida. Está de loucos, este escalão.
Outra grande agradável disputa verificou-se no escalão V3, não tanto pelas diferenças de tempos, mas pela  luta que trespassou para os clubes, já que a aquela deu-se entre os atletas dos já referidos Louletano e Molly Maid. No final, sorriu mais bonito Carlos Brito. Em V4, estava à espera que o Fernando Feijão aparecesse melhor apesar da sua longa ausência. Assim não foi e o seu 2ºL foi o melhor que se pôde arranjar, ele que é um atleta de enorme valia.

Duas notas finais: 1º- como tinha de ser, dada a valia do lugar alcançado, destaque enorme para a excelente prova do João Silva na etapa de Madrid do Campeonato do Mundo: o melhor lugar de sempre em masculinos, segundo dizem e eu acredito. Grande classe do João.  2º - como já devem ter reparado, a regularidade e prontidão das crónicas que vou elaborando, à revelia, têm vindo a perder-se. Tal deve-se à necessidade que tenho de me reorganizar e de ter dado prioridade ao repouso. O trabalho aperta, o treino nem sempre dá tréguas e sobra o fim da noite, que é curta para tanta coisa. Espero que compreendam e tenham paciência.

Bons treinos.


XXVII Triatlo de Peniche: Previsão do Tempo, Start List e outras coisas.

04/06/10



O Triatlo de Peniche é um dos mais antigos em Portugal. Não sei se será o mais velhinho. Não pesquisei. E a Federação faz muito bem em homenageá-lo com o grau de atribuição dos títulos nacionais de Grupos de Idade. Pelo menos, assim tem sido desde que cheguei à modalidade. É bonito e merecido, este reconhecimento.

Olhando para a lista de inscritos, anunciada pela FTP e a que eu abusivamente designo por Start List, e dentro do escalão V2, afigura-se uma luta titânica (é verdade, luta de grandes glórias da modalidade) entre Miguel Fragoso (MolyMaid Vitória de Janes) e António Horta (Praças da Armada), cujo regresso vem no momento em que é preciso defender o título alcançado no ano transacto. Confesso que gostava de lançar outras sondagens, mas não tive tempo. Fico-me pelo escalão V2. Lamenta-se a previsível ausência de Carlos Gomes (Oeiras SC), cuja regularidade nas provas e colecção de vitórias é fantástica. Espero que a ausência não se deva a algum problema físico. A luta pelo terceiro lugar poderá estar entregue a uma única figura, Emanuel Marques (Académica S. Mamede), dada a ausência, da lista fornecida pela FTP, de outros nomes. Em todo o caso, dado o conhecimento dos percursos e do valor do atleta, incluo o nome de Paulo Leitão Santos (Peniche AC) no baralhar das contas. E ainda de Manuel Gonçalves (Vasco da Gama), que é um V2 de qualidade, igualmente. Portanto, adivinha-se também uma luta pelo 3ºL interessante, com favoritismo para o homem de S. Mamede.
Sobre as apostas para os vencedores...hmmm...Bom, os nomes maiores estão ausentes, pelo que vai ser uma "guerra" aberta entre vários. No Masculino, temos o Vasco Pessoa na linha da frente, juntamente com  Pedro Palma, que recentemente brilhou "lá fora", tendo alcançado um brilhante 3º L e a não menos brilhante medalha de bronze no Mundial Universitário. E um à parte: teria merecido um referência de destaque aqui no blogue porque foi uma bela demonstração de capacidade, facto que me escapou por falta de tempo e organização. Aqui fica a dita. Portanto, elejo estes dois como os mais favoritos, digamos assim. Mas, está tudo muito aberto, e pode haver boas surpresas (de Loulé?...de Almada?...). Nestas coisas as surpresas são sempre boas, é verdade. No feminino, tenho para mim que de entre Bárbara Clemente (Olímpico Oeiras), Ana Filipa Santos (CT Fundão) e... eu não consigo ver mais ninguém, vocês conseguem? Ou vão aparecer muitos nomes que não estão nesta lista ou...a coisa fica mesmo aberta.

Uma nota final: muita gente "desaparecida", reaparece neste triatlo. Porque a atribuição de um título é um marco significativo na carreira de alguém, fica registado para contar aos netos; é bom revê-los. Vamos ver em que condições reaparecem, muito embora sendo pessoal de qualidade não tenho dúvidas que a carburar bem. A questão é quão bem.

(Fonte: FTP)


(Fonte: Accuweather.com)

Do tempo previsto, realço o vento; vai soprar bem e atrapalhar um bocado, pelo menos num dos sentidos. A temperatura será agradável, mas não deve chegar para nadar sem fato.

Boa sorte para a prova.


Calimero? Eu?...

02/06/10



Regresso

Correspondendo à procura do esclarecimento de alguns companheiros de lides que de vez em quando me questionam sobre o meu regresso, tenho de confessar que a coisa não está fácil. Sempre ouvi dizer que gémeos (filhos) sempre foram um problema inicial para quem os tinha. Hoje, tenho de confirmar que gémeos (músculos) são mesmo um problema. Especialmente quando são de direita (perna). Pelo menos para mim. O gémeo interno a que fui sujeito a uma intervenção cirúrgica, está fino. A verdade verdadinha, é que ainda nem deu para o pôr realmente à prova, mas de queixas...nicles. O problema é que quando me preparava para acelerar a máquina (enferrujada, mas é o que se pode arranjar), não é que aparece uma contractura (?) no gémeo externo (invejoso) que me  estraga os planos? Vai daí, paragem obrigatória...mais tarde, recomeço, uns treinos, volto a ficar em condições de ...voltam as queixas, nova paragem. E ando nisto há 6 semanas. Conclusão: fazer uma ressonância magnética (mais uma) para tirar todas as dúvidas.  A verdade é que este carrossel psicológico tem-me levado a sobejas frustrações, a ponto de determinar para mim próprio uma meta: ou isto se compõe até ao final de 2010 ou tirei de repensar o triatlo como praticante.  Na verdade, ando com os gémeos "às costas" desde Março do ano passado e não é muito viável continuar nesta situação. Quando a planificação do treino começa a concretizar-se no terreno, logo a seguir vem uma sessão qualquer de corrida que me corta quaisquer perspectivas de regresso. Resultado: desmotivação, e uma série de perguntas que emergem de imediato (para quê tanto treino e dedicação, horas esquecidas dentro de água e a pedalar?). 
Na realidade, eu tinha perspectivado o regresso para Junho/Julho e nesse contexto está dentro do previsto. A questão, porém, é que tinha aspirações de antecipar aquele, dado que das razões que motivaram a minha ausência, até ao momento, tudo estará resolvido. 
Em todo o caso, dei indicações para a minha inscrição no super-sprint de Oeiras (Triatlo do Ambiente), com a possibilidade, se tudo correr bem, de também participar no sprint. Mas, tudo isto está condicionado à evolução da maldita contractura até à data da prova. Pois é, Sica; tomara eu correr regularmente, quanto mais fazer um Olímpico.

Maratona de Viana do Castelo

Era para ter sido a minha segunda participação em provas (Sábado, 29), este ano, novamente uma maratona de BTT. Tudo estava em ordem; tinha treinado às 6 da manhã do dia anterior, uma hora para activar, mais trinta minutos de natação, à hora do almoço (como sempre), e na piscina exterior, de água salgada, com uma temperatura agradável (21º, basta adaptar um tempo). Ao fim do dia da mesma sexta-feira, a bicicleta arrumada na carrinha, as ajudas mecânicas, os suplementos, os cremes activantes (musclar) para as pernas, todo o material logístico necessário, rever o que falta, se é que falta, até os bidões prontos para a eventual falha no abastecimento de água, situação que marcou a edição do ano anterior pela negativa e que levou, entre outras coisas, a que as inscrições diminuíssem para menos de 70%. O meu objectivo no agendamento das provas de BTT é, para além do gozo que me dá, o desenvolvimento da capacidade de sofrimento. Este tipo de provas são muito duras em termos físicos e psicológicos, apelando a partir de certa altura à tenacidade, perseverança, sofrimento... Falhei o objectivo. Dormi bem, acordei antes da hora, pronto para vencer a altimetria anunciada (mais de 2100m de acumulado em subida). Mas, no último momento, ainda antes de me levantar e antes do despertador cumprir a sua função e respeitar as indicações recebidas, olhei para o lado e...porque não? Ficar em casa, fazer aquilo que ainda não tinha sido feito ... e usufruir de uma manhã e um dia, já agora, como há algum tempo não tinha. Tudo estragado. A diferença por vezes está mesmo em pôr o pé no chão, sair a caminho da casa de banho...não aconteceu. Domingo, dia do arrependimento começar a mostrar-se, meio escondido aqui e ali, num jogo fratricida no ringue da  consciência, entre o dever e o prazer; um murro vence outro murro. A consciência sente-os todos, dos prós e dos contras. Que raio? Mas eu não sou profissional, caramba! Pois não, mas tens objectivos e eles não se alcançam num estalar de dedos. Segunda-feira estava o arrependimento instalado. Terça-feira estava pronto para a Maratona.
A prova em si teve as condições que no ano passado (foi a maratona mais difícil que fiz até hoje) não teve; temperatura bem agradável para a prática da modalidade, porque estava fresquinho, pouco sol nas primeiras horas, ao contrário do ano transacto, em que o termómetro chegou acima dos 40º , ainda antes dos 40kms. Na edição anterior contraí uma lesão na fáscia plantar esquerda. Acabei com quase 6hrs de pedalanço e o mais incrivel é que depois de ter ponderado abandonar (aos 40kms, 42º temp), à passagem dos 70kms ressurgi bem, com força. A recuperação da homeostase é uma coisa fantástica, mesmo em plena prova.No dia seguinte estava na Póvoa de Varzim para fazer o super-sprint do calendário regional. Concluí em último aquela que foi a minha primeira experiência no triatlo. A tal lesão na fáscia impediu-me de correr (percebem onde quero chegar?), pelo que fiz todo o trajecto de corrida (2500m) a pé, com os assistentes, em amena cavaqueira. 
Voltando, este ano as coisas ainda não foram perfeitas (uma semana antes da prova anunciavam um altimetria em subida superior a 3000mtrs!!!), mesmo com a ajuda do tempo, mas deveria ter sido giro conviver com os muitos espanhois (mais galegos, mas pronto) que se deslocaram a Viana. Lá se foi o objectivo. Vai ter de passar para outro dia.

Calendarização de provas pela FTP

Hoje tenho de referir alguns aspectos que eu considero menos agradáveis na planificação de provas pela nossa Federação. O primeiro que desejo referir é que não me parece bem a marcação da prova da Taça de Portugal para o dia após a noite de Stª António. Que raio, não haveria outra possibilidade? Bem sei que no Sábado de manhã seria prejudicial para o pessoal que tem de se deslocar. Provavelmente, é complicado fechar o trânsito na marginal num Sábado à tarde. Mas, a seguir a uma noite em que há muita gente que gosta de gozar o tal Santo e aprecia a festança? Cada cabeça sua sentença e só participa quem quer, é bem verdade. Mas, eu cá sinto-me contrariado. Mesmo quando a possibilidade mais forte é não participar, pelas razões já demais explicadas.  Não quero, porém, deixar de fazer passar a minha opinião.
A outra razão que me leva a contestar a calendarização da FTP é as muitas alterações que se verificam ao calendário inicialmente apresentado, tido como um guião para a planificação de uma época, e que se verifica vai sendo muitas vezes alterado, mas sem qualquer comunicado ou aviso às hostes. Quando nos apercebemos, porque queremos planificar provas para um determinado período, verificamos que afinal muitas provas mudaram ou deixaram de existir ou não se sabe o que lhes aconteceu. Não pode ser. Há que ter alguma atenção para com aqueles que fazem da modalidade aquilo que ela está a ser nos dias de hoje: uma referência no quadro das provas da população específica, mas igualmente uma nova referência daquela que pratica desporto e procura novos desafios. E acreditem que há muita gente ainda a pensar no seu primeiro triatlo. Tem sido esta facção que tem feito crescer a modalidade. Afinal, que aconteceu ao duatlo de Manique? E ao triatlo do Fundão? E ao triatlo Longo de Odemira? E ao triatlo nocturno, que se adivinhava muito engraçado e desafiante, de Oeiras? São só alguns exemplos, mas há mais. Se alguém tiver respostas, aceito-as de bom grado.

Amigos, bons treinos e até breve.


A 3ª Etapa do CN Triatlo Longo.

01/06/10




A etapa era decisiva? Era, bastava que Pedro Gomes (Olímpico de Oeiras) estivesse, já não digo no seu melhor, mas regular. Mas, o atleta esteve mais que normal, esteve muito bem, alcançou a sua primeira vitória individual da época, valorizada ainda pela presença de outro nome grande, Sérgio Marques (Águias de Alpiarça), numa prova também ela internacional, realce-se, vitória que já perseguia a algum tempo, e que fez dele o Campeão Nacional de Triatlo Longo, época 2010. Parabéns, Pedro! Paralelamente, está muito bem lançado para se sagrar Campeão Ibérico nesta variante de triatlo. E parabéns também para a Vanessa Pereira (Compeed Tri-Oeste), que no sector feminino ganhou com claro à-vontade.

O outro facto significativo desta prova, a que já tinha aludido na edição da previsão do tempo para a mesma, foi a participação das gentes do triatlo. É, na minha opinião, a aposta que efectivamente a Federação ganhou este ano: a criação do Campeonato Nacional de Triatlo Longo por etapas. É sem dúvida uma iniciativa feliz, até porque vai ao encontro das expectativas de evolução que os próprios atletas sentem; novos desafios em função de igualmente fortes investimentos pessoais e dos clubes, nalguns casos. Outra aposta, a criação do Campeonato Porterra, considero menos feliz. Mas, sobre estas e outras "coisas", falarei no final da época, altura ideal para os balanços. Agora, é motivo de satisfação verificar que 154 atletas concluíram uma prova cujas exigências  físicas e psicológicas são bastante exigentes. Estão todos de parabéns, sem excepção.

Na sexta-feira passada lancei o desafio de antecipar o vencedor na prova, especificamente no escalão V2. Este foi escolhido não pelo facto de ser o meu escalão, e por essa razão olhar para ele com particularidade atenção, mas porque este ano, e já referi esse aspecto em outras crónicas, existe uma competição muito interessante, nalguns casos frenética, numa faixa etária cujas idades se situam entre os 45 e os 49 anos. Aliás, as performances são de tal nível que os melhores do escalão, na classificação geral, ficam muitíssimo bem colocados. E para isso acontecer não tenho dúvidas de que se malha o corpo e de que maneira. É evidente que estas transformações fisiológicas, especialmente, não são obra da espontaneidade, como se no outro dia de manhã acordássemos em plena forma porque no dia anterior foi feito um treino fantástico. São fruto, isso sim, de uma vida ou um período de vida com uma história desportiva; leia-se treino/método, trabalho, dedicação,   nutrição, conhecimento. Mas, voltando à sondagem proposta, os votos andaram à mingua, mas todos indicaram o nome do Carlos (Gomes, Oeiras SC) como potencial vencedor. E acertaram todos.  

Último facto que desejo realçar, é que nesta variante de triatlo são os maduros que comandam a batuta: o primeiro sub23 aparece no 42º L. Aliás, no total, os sub23  participantes somaram 6 atletas. É compreensivel; a malta nova é mais nervosa, mais explosiva, e procura os desafios que projectam mais longe o seu nome. Ao invés, os tais maduros gerem melhor a experiência, correm atrás de uma juventude perdida e olham melhor para os desafios que exigem um sacrifício longo e duradouro.

Hoje não irei particularizar mais resultados. Apenas dizer sobre isto que o pessoal anda a trabalhar bem, nalguns casos muito bem. Não deixo de reparar em algumas evoluções. Procuro sempre adivinhar onde me colocaria, mas é um exercício em vão, porque cada prova tem a sua estória e só mesmo in loco é que se tiram dúvidas, todas a dúvidas.

Time Out! Altura de descansar. Bons treinos.