Carlos Gravata (triatlo) Quarteira e Taça da Europa.

14/04/10



Não é vulgar atribuir o nome de uma personalidade a uma prova de triatlo. O triatlo de Quarteira, na sua IX edição, é o exemplo de uma homenagem a uma personalidade a quem a comunidade da região algarvia de Loulé, particularmente, deve a existência desta prova, incluída no calendário nacional de triatlo. Certamente por essa razão, muitos dos seus conterrâneos, para não dizer todos, consideram o Triatlo de Quarteira o melhor triatlo do País. Carlos Gravata desapareceu prematuramente, mas deixou a imagem de uma pessoa empenhada no desenvolvimento desportivo da sua região, fruto de uma formação superior na melhor escola de Educação Física do País, na altura. Por pouco que não nos cruzámos e conhecemos nos espaços das salas ou nos corredores do ISEF de Lisboa. Foi pena, porque teria seguramente muito prazer em o ter conhecido e muito também aprendido com o Carlos, especialmente a arte de semear: amigos, profissionalismo e competência, espírito empreendedor e altruísmo, serviço comunitário, entre outras facetas de relevo. São marcas que resistem ao tempo e resistem nas pessoas, por isso raros. Também por isso, a nossa Federação de Triatlo fez questão de fazer prevalecer na memória de todos, do passado, do presente e do futuro, o nome de Carlos Gravata. 

A prova propriamente dita teve este particular, que foi um segmento de natação complicado. Eu já tinha previsto aqui, na 5ª feira passada, analisando a previsão do tempo para a hora da prova, que o vento ía complicar a turbulência no mar. Porém, há gostos para tudo, porque já li que foi realmente um segmento difícil, a ponto de levar muita gente a arrumar o fato; mas também houve quem gostasse, caso do Sica, que no seu blogue "Vamos Lá Então" assegura que assim sim, vale a pena o triatlo. Estas coisas são mesmo assim. Há outro facto que começa a ser habitual e que se vai acentuando à medida que o tempo vai avançando: domínio da malta nova, desta feita dos Juniores! A mim, pessoalmente, dá-me gozo saber que a juventude tem sangue quente na guelra. Duas razões: 1ª, há gente de tenra idade muito empenhada na prática desportiva de alto rendimento, muitos deles conciliando a arte de treinar com a arte de estudar, e como é difícil fazê-lo dado os sacrifícios ao tempo de ócio que isso comporta, especialmente nestas idades; a 2ª, porque isso significa uma atitude muito saudável e  positiva na vida. Por estas razões, outras haverá, oh! tantas, mas mais que não fosse apenas por estas, tiro-vos o meu chapéu. Parabéns, rapaziada! Muito mal ficaríamos na fotografia se em vosso lugar, aparecessem uns velhos, mais novos ou menos novos, mas velhos. Alguma coisa estaria de errado. 
É evidente que sobressai a vitória de Miguel Fernandes, dado que venceu com um tempo muito confortável. Já entre o 2º e o 9º a coisa foi toda seguidinha, uns mais que outros, mas tudo em carreiro de formiga. E outro facto interessante; a representatividade clubista no top 9, mal-grado um ligeiro domínio do Olímpico de Oeiras. No sector feminino o relevo vai todo para Ana Filipa Ferreira, que terminou com uma vantagem demasiado confortável, porque pouco competitiva. 
No meu escalão, nada de especial a registar, a não ser a ausência de Emanuel Marques (Académica de S. Mamede). O Miguel Fragoso venceu o escalão, mas muito à custa do segmento de natação, dado que o Carlos Gomes sente aí as suas maiores dificuldades, porque desta feita esteve muito bem nos restantes segmentos. 
O meu clube manteve as expectativas, isto é, uma classificação colectiva para o modesto, mas também é mesmo assim. E uma vez mais, não conseguimos ultrapassar os amigos de Peniche, em Triatlo, quero dizer. Em todo o caso, registo as participações do Paulo Gonçalves, Miguel Algarvio e Sérgio Ribeiro. Uma palavra também para o já citado Sica (Peniche AC), que fez um muito bom tempo e por isso, foi o atleta do seu clube em maior evidência, no Sábado. 





A prova da Taça da Europa teve o extraordinário regresso em plena forma da nossa Vanessa Fernandes, a demonstrar que as questões que a afastaram no ano transacto do lugar que lhe pertence estarão debeladas. O que mais me impressionou, e confesso que não estava à espera, foi a sua participação no segmento de natação, onde esteve bem na frente, e depois a facilidade com que ganhou. Aliás, ela própria assume que não precisou de ir às reservas, o que adivinha uma época muito diferente, em grande. E é bonito ler em blogues de colegas de selecção os elogios e regozijo pelo seu regresso às vitórias e, acima de tudo, à grande forma. A outra menção vai para o João Silva. Que está num enorme momento já sabíamos, o que desconhecíamos é que esse nível é do melhor a nível europeu. Parabéns, João! O teu futuro é já hoje, aproveita-o. 
O que gostaria de ter visto era o Bruno Pais em grande forma, mas não dá, pelo menos por enquanto; a Vanessa ser secundada por mais atletas da selecção. Eu sei que se trabalha árduo e enalteço a entrega e o empenho, sem dúvida, até porque a Maria Areosa  fez uma muito boa prova, mas falta mais competitividade ao sector feminino. Gostaria de ter visto o Pedro Gomes com melhor fortuna, mas as avarias acontecem. Louvo a sua atitude, bem marcada no seu blogue, que não é pessoa de lamentos, sempre positivo e já ansioso pela próxima prova.
A finalizar, um grande louvor para todos os triatletas que competiram em representação do nosso País e dignificaram a nossa Pátria. Muito obrigado!

Fico-me por aqui. Bons treinos!


Nota: As imagens publicadas foram recolhidas no sítio da FTP.

4 comentários:

sica disse...

João, com o mar desta forma as contas ficaram mais baralhadas, não podias escolher uns pés para seguir de forma a sair da água em determinado lugar e apanhar aquele grupo de ciclismo, ou seja a imprevisibilidade aumentou e com isso a competitividade e desempenho dos atletas. Na água não tinhamos que lutar só com os braços e pernas dos outros mas acima de tudo com a força do mar, o que aumenta o desafio e consequentemente a satisfação pessoal.
Venha o primeiro teste da época que o trabalho de casa está feito, Lisboa espera a Tribo.

João Correia disse...

Nada melhor que no processo de sudação conseguir retirar prazer. Por isso gostamos tanto desta "coisa".
Um grande abraço para ti, fiel seguidor, e toda a boa sorte para Lisboa, para ti e para a tribo.

Miguel Andrade disse...

Muito boa descrição do Triatlo de Quarteira! Está aqui tudo!

Continuação de um excelente trabalho na promoção do triatlo!

Anónimo disse...

Triatlo não é mesmo o meu forte, no entanto isso não invalida o facto de eu poder seguir este blog e espreitar de vez em quando. Quem sabe não vou aprendendo??

ps- Somos todos bonito, cada um à sua maneira :)

*Um Beijinho