Houve Festa, no Duatlo do Jamor!

05/10/10



Marcado por uma ameaça que no dia anterior parecia ser apenas uma brincadeira de Santo Pedro, e que segundo as lendas cristãs tem o condão de dar destinos ao tempo, o dia do passado Domingo foi mesmo um dia dominado pelas cores cinza que pintaram o belo cenário  do Jamor. Excelente disposição das gentes da modalidade, da tribo, como diz o amigo Paulo Sequeira, e com todo o sentido. Notou-se que esse ambiente festivo transbordava nas expressões de todos nós, a ponto de ter tido a sensação de algum deslocamento daqueles que fazem questão de marcar presença apenas nesta prova. Sem motivos, diga-se. Mas, é mesmo assim, quando não se conhece ninguém do meio. Esta prova também tem para mim o extra de ser realizada em terra onde sou tu-cá-tu-lá com o ar que se respira, onde tenho as raízes de que me orgulho e, por inerência, onde tenho os amigos de outrora. Por isso, a festa já havia de facto começado para mim no dia anterior, quando no Sábado me entreti com eles, com o pretexto de uma activação para o Duatlo do Jamor. Para além disso, acresce o facto não menos simbólico de que o Jamor foi o meu lugar de formação profissional por excelência. Que saudades!
A despeito de nada fazer prever que no Domingo pudesse sequer faltar o sol, o certo é que quando me levantei, fui de imediato verificar se o Accuweather é mesmo um sítio digno de crédito ou não. E de facto é. Quando chegado à janela, verifiquei que já havia chovido e que soprava um ventinho jeitoso. Pronto! A dúvida agora era saber com quanta frequência e intensidade choveria. Chegados ao Jamor, eu e a minha fotógrafa, deparei-me de imediato com duas personalidades de eleição: o José Botelho, que anda a ver se embala na modalidade, e o Paulo Renato (Peniche AC). Estava lançado o mote para a boa disposição. E mais uns bonecos para memória futura. E isso apenas foi o início, porque daí para a frente, desde a preparação do material, passando pela permanência no parque de transição, até ao aquecimento e consequente partida para a prova, foram vários os ilustres com quem tive o prazer de trocar meia dúzia de piropos: o David Vaz, outra simpatia de pessoa, o Sica, que andava à procura de um capacete que o salvasse (e lá encontrou), o Carlos Gomes, esse fantástico atleta, que me confidenciou ter andado afastado devido a uma lesão no solear da perna direita, o Renato Fidalgo, que há muito não tinha o prazer de cumprimentar, o Fernando Carmo, seco seco até dizer chega, o Pedro Cordeiro, outro seco seco, o pessoal da Académica, já em plena activação, o Jorge Teixeira, do Praças da Armada, o clube que era para ser e não chegou a ser, o pessoal do Fonte Grada, muito animados também...e claro, o meu grande amigo Paulo Santos, atrasado como sempre, mas sempre pronto para a aventura. E o tempo aproximou-se de tal maneira que depressa nos acotovelámos para ouvir o som da partida. E partida! 





A Prova
Este ano num figurino diferente do ano transacto, a partida foi dada em pleno alcatrão, precisamente em frente à entrada do Estádio Nacional, cujo edifício já merecia uma intervenção mais progressista de acordo com as exigências desportivas actuais, mas outras contas de outros rosários. Para quem conhece a zona, sabe que assim sendo, começamos logo a descer, em espaço amplo, o que permitiu ir definindo os nossos ritmos pessoais sem necessidade de alterações na cadência da passada. Eu parti quase na cauda do pelotão, por isso não estava preocupado em ganhar de imediato uma posição avançada. Todos sabemos que numa prova de corrida de fundo um bom lugar na partida só é importante para quem tem ambições fortes. Não era o meu caso. Embora ambicioso, tenho a consciência que a distância iria marcar a diferença e mais tarde ou mais cedo, o meu espaço seria encontrado. E assim foi. Passados 1000m já havia sido cavado um fosso entre o pelotão da frente e os outros. Às tantas, cruzei-me com o Renato Fidalgo (ACDR Painho), numa subida levada da breca, que me fez lembrar a rampa do triatlo de Setúbal, do fim de semana passado. Porém, esta pareceu-me mais difícil. Já conhecia a fera, mas de bicicleta e a descer (percurso de BTT do ano passado). Antes, havido ultrapassado o Amândio Caetano, também do mesmo clube. Tudo gente que no ano passado corria bem mais que eu. Fiquei satisfeito por andar ao nível deles. Depois da subida, o Renato passou-me e apesar de se manter sempre próximo, não mais o ultrapassei correndo. Ultrapassado o parque de transição, com os bofes de fora, deparou-se-nos uma subida que contraria qualquer tentativa de recuperar se o desgaste na corrida tiver sido intenso. Mas, pronto. Depois passa. Seguiu-se uma gincana em pleno BTT, lá bem no alto, muito técnica e com algumas quedas, dada a natureza de algumas partes do piso (paralelo e lisinho) e a chuva que entretanto fez a sua aparição. Aliás, houve muitas zonas perigosas apenas pelo tipo de piso. E eu assisti a algumas quedas bem perigosas. Uma delas até arrepiou. Quando passei, ainda perguntei se estava tudo...ouvi dizer que sim, e toca a andar. Às tantas, passa o Renato Fidalgo. Conclusão: eu havia sido mais rápido na transição. Nesta fase, estava bem a descer, onde sou normalmente forte, e menos rápido a subir. No global, equilibrado. Depois, veio o curso do novo figurino deste ano, que eu desconhecia na totalidade. A primeira fase foi constituída por uma zona rápida, plana, misto de alcatrão e terra batida. Aí, ainda deu para reconhecer e cumprimentar o Manuel Gonçalves, correndo, e não percebi bem se treinava se assistia às palhaças que se iam sucedendo.  Mais adiante, também me cruzei com o grande Bruno Pais, este sim, treinava e também deu para lhe deixar um olá e relembrar-lhe que no ano 2009  havia ganho precisamente esta prova. Ele sorriu. Bom, seguiu-se então uma zona com duas subidas dignas de uma maratona de BTT. Foi a primeira vez que em provas organizadas pela Federação me deparei com um percurso com características plenas de BTT. E eu com isto não estou a fazer nenhum juízo de valor, note-se. Apenas a constatar que este percurso foi um exemplo claro do que pode ser uma prova de BTT. Essas duas subidas são daquelas que muito poucos conseguem fazer em cima da bicla. E quando se vai em grupo, é muito difícil vencer esse desafio porque basta o parceiro da frente falhar uma cadência que vai tudo ao ar. Depois das subidas, o trajecto de acesso ao Estádio, onde se encontrava o parque para a última transição do dia. Antes, ainda tinhamos de vencer a tal subida que já havíamos feito a pé. Gostei do BTT, sinceramente. No final, o meu cronómetro acusava 45'. Na prova, acusou 47'. A diferença esteve na transição. Mas, eu havia escolhido não os sapatos de encaixe, mas os ganchos para os ténis e fiz muito bem, já que as transições só não foram mais rápidas porque o gajo não dá mais. A corrida final tem apenas uma história; sofrer, sofrer, sofrer...até chegar à meta. Fui sentindo algumas picadelas no quadricipte direito, que me fizeram temer pela saúde. Mas, a coisa suportou-se. Era fadiga acumulada. Têm sido muitas provas, umas a seguir às outras. Há que re-planear. A chegada fazia-se em pleno tartan do Estádio Nacional, e aí ainda deu para forçar mais um pouco para ver se ultrapassava o parceiro que me antecedia, mas não consegui. No final 1:20:21 e mais uns momentos únicos de confraternização e que me proporcionaram conhecer pessoalmente o João Serôdio, com quem partilhei o percurso de ciclismo na prova do passado fim de semana e que apesar de ter estado tão perto dele, só hoje pude conversar de forma tranquila. Melhorei bastante relativamente ao ano passado, embora os percursos fossem diferentes. Porém, acho que este ano a prova terá sido mais difícil, dada a sua altimetria. A chuva e o vento, embora se tivesse feito sentir, não chegou para estragar a festa. Por pouco, porque quando me dirigi para Odivelas para confraternizar com o meu pai, chovia que Deus-a-dava. Acho que tivemos sorte. Lamentar que não tivesse havido uma única lembrança, digo bem, uma única lembrança para entregar aos participantes é dizer pouco. Que raio! Pergunto: será que as medidas de austeridade anunciadas pelo governo para 2011 foram antecipadas nos eventos organizados pela Federação?

Os Craques
As estrelas maiores do evento foram o Lino Barruncho, que se encontra em grande forma na sua especialidade, cuja vitória não foi contestada por ninguém. Ganhou com quase 3' de diferença para o Luís Almeida, cujo 2ºL é igualmente um grande resultado.O João Pereira, do Galitos, fechou em beleza um  pódio de honra. Outro destaque tem necessariamente de ir para o José Ribeiro que sendo V1, fez um registo de excepção: 4ºL e melhor veterano. Fantástico! O Diogo Rosa conseguiu ser o primeiro júnior a intrometer-se nos primeiros lugares, com um brilhante 7ºL. Depois, desejo também realçar o lugar alcançado pelo Joel Marcelino, que sendo V1 conseguiu ser 10ºL na geral, fantástico, e 3ºL no escalão. Grande prova. Ele estava felicíssimo no final e compreende-se e é mesmo assim, deseja-se até. As idades posicionadas, digamos assim, nos dez primeiros lugares dão ideia das qualidades exigíveis para este tipo de provas: 6 séniores, 3 V1 e 1 Júnior.   
No sector feminino, grande vitória de Patrícia Serafim, sénior individual, que fez um registo de grande qualidade. Em 2ºL ficou a Rita Maria  Lopes, ainda júnior. A fechar o pódio posicionou-se Isabel Caetano, também sénior e individual, com quem pedalei alguns minutos, já no final, e que também fez um bom tempo geral, mas já algo distante do lugar maior. No geral, participaram 24 atletas femininas o que é bem mais do que costumo constatar nas maratonas de BTT em que por vezes participo.
Por equipas, e no masculino, vitória sem mácula do Olímpico. O Amiciclo volta a ocupar lugares de destaque, com o 2ºL alcançado. A fechar o pódio, o CN Tejo. Uma palavra para o Peniche AC que pretendia segurar o 8ºL , mas alcançou um prestigiante 6ºL. O Louletano venceu em femininos. Os meus parabéns para todos vós.

A finalizar, dizer que participaram 325 atletas para festejar o Duatlo do Jamor.
Nos próximos dias publicarei as fotos do evento. Até lá, bons treinos e abraços triatléticos. Entretanto espera-me  a meia sportzone.

2 comentários:

Anónimo disse...

gd prova, abraço zé botelho

João Correia disse...

Grande Zé! Eu ouvi dizer que não andaste mais depressa porque levavas um atrelado.
Grande abraço, amigo.